quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O TUDO E O NADA



E foi então que tudo aconteceu...
Um Big Bang mais que natural,
tão natural como a sede das margens,
como o gemer silencioso das rochas,
tão natural como a criação de Deus.
Sim! Porque não a criação de Deus?
Criá-mo-lo indefeso e tosco,
embutido numa perspectiva atraente.
Borilá-mo-lo com uma imagem,
indestrutível e sofísticado como o Homem.
Aparececeram as tempestades,
ambiente e Humanidade troaram.
Um carnaval principesco e dúbio,
desinibido por todas as máscaras,
todas as falsidades que humanizaram.
Secaram as fontes da memória,
antes de alguma história sequer urgir.
Esculpiram-se vicissitudes adoráveis,
disparates acutilantes numa média
onde o escrutíneo revela pouco.
E moldou-se o corpo,
uma redoma complicada da Alma.
Talvez a proteja de alguns males,
seria essa a intenção do mecanismo,
uma forma medonha da perfeição.
Tão perfeita esta máquina,
que conhecê-la é mentira vulgarizada.
Se a Alma fala-se, daria o discurso
de uma eternidade aparentemente real.
Esta redoma, este invólucro de carne,
é o estudo da perfeição modificável.
Chamem-lhe de metamorfose,
ou a idiotíce mais à mão. Fragilidade!
Só o pó e a cinza revelam o início,
só ao pó e à cinza é o retorno final.
E foi então que tudo acabou...

22OUTUBRO2014

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