Sentir a estrada por dentro,
Como um caminho inteligente,
Desnudado de vida aparente,
Senão o cérebro das pedras.
Por isso falam.
Eu, eu tenho a certeza,
Da vida nas pedras.
São os actos que não entendemos,
A passividade da quietude,
A inércia elevada ao auge.
É a estrada que me confunde.
Os caminhos e encruzilhadas,
As opções do destino,
O tal destino que opto por seguir.
Sou eu que o escolho.
Escolho as estradas mais débeis,
A gravilha solta, esburacadas,
Sem aparência lustrosa. Nuas.
É esta a essência do momento.
Do momento presente,
O que vivo agora,
O que vocês vivem agora,
Porque a estrada é a mesma.
Independentemente da geografia.
Pormenores secundários, esses.
Avanço e recuo com frequência,
Porque a frequência da estrada,
São os humanos como eu,
Perdidos ou achados conscientemente,
Sempre à espera de uma palavra.
A palavra das pedras.
Da gravilha, do pó, da rocha,
Do mármore bonito e rude,
Tudo por polir, tudo em bruto.
Até os diamantes vegetam,
Sem polimento definido.
É assim que sinto a estrada,
Esta que tropeço amiúde,
Com um gozo imenso ao andar,
Sem correr, porque não tenho pressa,
Nem de chegar, nem de ficar.
Só quero andar, sem destino.
O tal, que escolho sem previsão.
Amo esta estrada, talvez velha,
Secundária, ou menos frequentada.
Só quero conversar entre mim,
E a alma de todas as pedras.
São feitas de tudo e de nada.
São os pilares do mundo,
Com um coração próprio
Que os incautos não entendem.
Quero um caminho simples,
E caminhar,
Caminhar,
Caminhar...
22JULHO2015
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