Destemida corre na fonte,
Toda a alma da água corrente.
Será fresca, ou será quente?
É pura, como a gente,
Que debruça a sede na mente,
Embebedando um ventre vazio.
Só os pássaros resmungam,
No medo e silêncio de um pio.
Esvoaçam e voltam sem tempo,
Porque a sede é mais forte que cio.
O som é leve, como uma pena,
Não de ave, mas cristalina
Como se encarrega frequente,
A vontade de a ver seguir fina.
Só a fonte tem a mestria falsa,
Condicionando a liberdade do riacho.
Só o homem sabe o valor,
De todas as margens e liberdades,
Quando a correnteza se cansa,
E pára, num charco incolor,
Onde ondula, em ondas como valsas,
Que toco com as mãos em concha,
E sacio todo o sabor,
Ao beber liberdade cristalina.
Não há gárgulas nos beirais,
Nem conventos ou mosteiros,
Que embalem as formas reais,
De sentir ribeiros em bolina.
O sabor é intenso,
Por raízes e rebentos,
Que lhe adem pureza divina.
Só esta água me abençoa,
Não apenas por ser simples,
Mas por saber que é boa,
E que os rios nascem livres.
17JULHO2015
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