As casas de granito antigo, ja gasto e velho,
onde a esquadria, vai quebrando ao sabor do tempo.
Apetece-me reviver aquela aldeia, onde tudo
mesmo tudo, ate pessoas, era perfeito para mim.
Os passeios de burrico teimoso, o gado lento
entregue no lameiro, e o frio... um frio de rachar.
A criancada vivia feliz, eu nos pincaros da alegria,
no gelo da manha, que bebiamos sem ralhares
mais velhos, quebrando as pocas pelo caminho.
Muros como casas, mais gastos, menos polidos
dividiam caminhos com cercas de madeira velha
enrugada e quebrada pela secura do tempo.
Ser feliz... momentos de saber ser feliz.
O cheiro da lareira, madeira seca e gesta,
onde o panelao de tripe, perfurava brazas
na espera do manjar lento para a jorna.
Os contos, arcaicos e inventados ao calor,
sentados a volta da lareira de sons crepitantes,
tao cheirosos, como o deslumbre que eu sentia.
A primeira experiencia de neve, pes descalcos
na palermice inocente de quem pensa,
que alguem pintara o mundo de branco.
Via o amanhecer dos mais velhos, escondido
sorrateiro, no meio da noite alta. Estranhava...
Estranhava sem dar valor como hoje, aos gestos...
Os rituais de vida agreste, a pobreza vivida
com o toque arrepiante e o brilho da felicidade,
a cada amanhecer, a resignacao de mais um dia.
Aquele som que ainda oico, em mecanismo tao arcaico,
que girava ha geracoes, no fiar calmo e tropego da la,
onde as horas nao se contam, onde apenas o Sol comanda.
Ribeiros, vinhas e hortas, distancias na poeira longa
que nao se sentia, ativando o prazer do falatorio,
dos contos passados, das anedotas matreiras,
em primeiros piscar de olhos namoradeiros.
Esta roca velha sobrevive neste museu que e meu.
Que existe na memoria, que ativo frequentemente
no reviver dos cheiros, dos sons e das historias.
Aquela roca velha, que me relembra a felicidade.
04 NOVEMBRO 2012
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