quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A MINHA DUNA




Conheço esta duna, como a palma da minha mão.
Igual a tantas outras, mas com este gosto diferente,
talvez porque seja o meu local ideal. Prefiro senti-lo.
A magia é diferente, o local mantém-se o mesmo.
Voam-me os cabelos em vendavais, que me animam
pela beleza do eco e troar das marés vivas.
Aqueço o corpo embrenhado-me na areia, penso em ti,
com a ajuda do Sol e dos tons quentes do crepúsculo.
Apaixono-me no misterioso troar da sirene do farol,
o seu poder de penetrar pelo nevoeiro, que por mais
que tente, nao vejo nada mais que o ouvido sente.
Esta duna é especial. A parvoice, dá-me a ilusão
que nunca muda, que se mantém intocável
resistindo aos elementos brutos e puros,
apenas abrindo as boas vindas quando eu chego.
A praia sim, porque é de uma praia que falo,
também e insignificante no leito das escarpas
avivadas pelo grasnar das gaivotas, animando
no voo incessante, esta paisagem morta, além do mar.
Abraço-me a mim, saboreio assim a dádiva da natureza.
Obra de arte viva, onde alguma tela longe tenta imitar.
E os sentidos voam, voando fora de mim, acabando sempre
e inevitávelmente a pensar em ti. Uma duna vazia,
um espaco enorme por ocupar, uma conversa longa
que poderia ter contigo, preenchem a magia do lugar.
Mas sorrio sempre, porque sei que estás presente.
Olho o mar, medindo milhas e léguas, onde o limite
nunca finda na outra margem que não vejo.
Abraçado a mim, chega o frio irritante, tomando
o meu corpo por assédio, deixando ficar um esgar
de desespero, na concentração que perdi, ao olhar o mar.
A sirene calou-se desiludida, deixando um vazio estranho,
como a partida do nevoeiro que antes me abraçou.
O Sol, esse perdeu-se no meio do crepúsculo, esfriando
o meu corpo, sem cores quentes esvanecidas no horizonte.
Ficaram as gaivotas, ja cansadas, recolhendo às fendas
que se tornam brancas, pelo alargar das penas e do frio.
Resto eu, o mar e a minha duna.
A despedida inevitável, sem necessidade de uma palavra.
Declamo uma centena de poemas, que ficam planando
na minha alma calma, que por simpatia ritual,
afago neste poiso onde sempre me sento, no mesmo local,
trazendo-te comigo, ainda presa na memória viva
que abraco em mim, sem te abandonar no meu pensamento.
Há locais mágicos como este onde costumo ficar e,
sempre me oferecem estes pensamentos fantásticos!

08 NOVEMBRO 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário