Transtorna-me ver tanta redoma.
São de vidros frágeis,
vidros fuscos, martelados,
mesmo até sem vidro algum.
Todas as estruturas generalizaram
uma fraqueza assustadora.
Fracas terão de ser as redomas,
porque as estruturas não aguentam.
Mas lá por dentro,
no espaço da esperança,
reina um mundo diferente.
Vivem um dia por dia,
sem ligar ao poder da estrutura
que aos poucos se abate.
Vivem por viver,
nunca olham para cima
com medo que o Sol os castigue.
Sabe bem sentir o calor no corpo,
sem saber como nem porquê.
Assim se coleccionam vidas,
culturas e gentes subjugadas
sem reacção nenhuma à própria dor.
Passeando por este mapa,
vejo lugares embutidos em panteões
vulgarizados pela perda de identidade.
Vejo tudo o que condeno,
não encontro nada que se ajuste.
As sobras são "best sellers"
no mercado da sobrevivência.
Não se reage a nada.
A dor institucionalizou-se.
A submissão tornou-se vulgar.
O amanhã virou "tabu".
Custa-me andar na rua,
cercado por tanta redoma.
Fora de casa, cresceram telhados
todos de vidro velho e rachado
que se partem a todo o momento.
Ficam as ruínas dos castelos,
única memória de carisma irreverente.
Fica a história que já não se faz,
senão por folhas que arderão rapidamente.
Neste momento, pouco ou nada existe
muito menos orgulho por ser diferente.
Mas fica a minha gente,
fica um Portugal que se vende,
um Sol que os deuses nos deram
e serve ainda como única esperança.
Fácil seria sermos conquistados,
por inércia de defesa própria
por incompetência desleal e assídua.
Morrem as pessoas,
fica um país desgovernado,
sem governo que se veja.
Mas...
Apesar de tudo,
ser Português é ser maior!
14DEZEMBRO2013
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