segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

ESPERANÇA INALTERADA



Só o gesto pode desanuviar,
quando o nevoeiro é intenso.
Nem as lâmpadas incendeiam
um ar pesado, frio e atraente.
Pode ser antítese, eu sei.
As raízes, agarram a vida,
nunca gemem, nunca falam.
Empurram a vida sem pudor,
sangram um sangue próprio.
A purificação do mundo,
tão intermitente como temente,
sofre de Deuses desiludidos.
Não é o Homem a meta.
O Homem é o início de algo.
Nos dedos, correm os corpos,
que se entregam ao mimo,
ao toque sensual de um amor,
um amor qualquer com coragem.
Temo as capas que nos cobrem.
Temo a imagem e o fingimento.
Amo o impulso realista que tenho,
não por ser narcisista de um Ego,
vaidoso por ter um espelho,
ou pelo que sinto sem pensar.
Mas agarro as consequências.
E choro, e rio, e adoro.
Não odeio mas fico triste,
fico desiludido com o Homem,
mantendo a esperança inalterada.
Que terei a dizer?
Não deixo de me prejudicar,
não me acomodo por ser melhor.
Falho por isso, ou talvez não,
comigo mesmo me prejudico.
Mas amo-me assim!
O que sinto, mesmo que difícil,
tem um motivo claro e realista.
Desdenho ser manipulado.
Ignoro a imagem que me dão,
porque sei que não o sou.
Ficam as memórias intensas,
que o tempo se encarrega de finar.
Eu renasço, cada vez mais forte.
Só tenho pena de ver sofrimento,
assumido e sem reacção lógica.
O mundo gira imparável,
as horas seguem sem destino,
Eu fico com a minha felicidade.

12JANEIRO2014

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