Nem todos os muros me prendem,
trepo em garras de coisa escrita,
só a noite me pára, brilhante
pelo cintilar de todos os diamantes.
Nem os impulsos me libertam,
são prisão de espaços abertos,
nesta figura obsoleta da vida,
na impureza cinzelada das pedras.
Fico em combustão de fogo líquido,
sem sangue quente que sobreviva.
O incerto deixou de o ser,
ficou víscera podre e corrupta,
na certeza do meu desagrado.
A firmeza da mão punitiva,
apenas trás medo viscoso
que me agarra nesta fuga.
Tenho o tempo perdido,
todo o que já não vou ter,
pelas causas inúteis e injustas,
que nunca conseguirei deter.
O meu lugar está funesto,
perdido numa caixa de madeira,
que será última morada.
Venham os abutres da mente,
que me cheirem a pele,
morrendo na surpresa do meu veneno,
que os mata na sofreguidão.
Sou esse veneno, espesso de pureza
tão crua como a carne do corpo.
Não me refrego aqui parado,
nada me prende mesmo que o caminho,
não seja este, nem outro lado.
Só deitado no campo verde,
em noite de céu aberto e azul,
me liberto do meu tormento,
por cada diamante que sobe,
que fica e brilha na minha alma.
Só as estrelas não me prendem!
08SETEMBRO2013
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