domingo, 22 de setembro de 2013

FONTES SECAS





Tenho sede de todas as fontes.
Toda a secura dos anos,
que enrugam pele e alma.
Tenho a sede do tempo,
pleno de frieza e de calma.
Tenho ânsia da saudade.
Todos os momentos são
como um centro de energia,
tão forte como a existência.
Falta-me o toque e o cheiro,
tudo me sobra na memória e,
tudo isso, me apodrece por dentro.
Falta-me a fonte de alimento.
Falta-me a realidade intermitente.
Falta-me tudo, ou quase tudo.
Tenho apenas quase nada.
Tenho palavras. Discursos,
emoções itinerantes no meu rumo.
Perco-me no absoluto,
por querer, quase tudo!
São os pesadelos de criança,
as paredes em crescendo,
as bolas que me esmagam.
São as fontes da sofreguidão,
que me secam sem razão.
Sou eu que não entendo,
sou eu, sou eu, sou eu...
As fontes secam de vazias,
são tantas e tão ocas que me doi.
A dor, se for de corpo,
não me afecta por ser simples.
A dor, se for de alma,
destroi-me a personalidade
que os ossos sustentam .
Quero apenas uma fonte,
que me sacie e acalme.
Apenas uma.


22SETEMBRO2013

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