quinta-feira, 18 de abril de 2013

SEMPRE QUE A NOITE ME CHAMA



Sempre que a noite me chama,
Há um processo único que se desenrola.
Se pudesse descodificar a calma,
As partes seriam paralelas a este mundo.
Talvez um mundo paralelo. Talvez eu...
Acalmo com a noite, mas não totalmente.
A espera do inconformismo é poderosa.
A insónia assalta a calma que preciso,
Mas não fujo, nem entro em desespero por isso.

Tantas vezes a insónia e bem vinda!
Tantas vezes que algo cresce,
Que tanta coisa sai de mim graças a ela.
Apesar da mistura, porque há uma mistura,
Há um conflito interno permanente
Sempre que a noite me chama.

Há separação do corpo e da alma.
Há sono e sonho que se misturam,
Não vivendo separados senão de mim próprio.
Quero que assim seja e, assim permaneça.

Tento o registo de tantas coisas estranhas.
Raramente o consigo, além das permissas que ficam.
São pontos de recomeço, um futuro muito próximo.
Sou eu entravado no corpo e no mundo.
São as veias que ardem num calor vulcânico,
Que me derretem a carne, como a pedra é lava.

As as erupções são o toque do divino.
São o sorriso adormecido, as palavras sem nexo,
Os sonhos que duram horas, em segundos.

Sempre que a noite me chama,
Corro para não a perder. Não falto à chamada
Nem por nada, ou qualquer motivo gratuito.
Quero a noite como o dia, porque são o sonho.

Sao hemisférios que se tocam com a velocidade
De um buraco de verme, a fuga do cosmos.
Fica esta dúvida optimista sobre a vida,
Fica a curiosidade sobre tudo, por satisfazer.

O dia, o corpo, enérgico uso camuflado,
Existe apenas até que a noite chegue.
Sempre que chega, tudo muda.
A alma acorda.

É sempre assim,
Quando a noite me chama.

18 ABRIL 2013

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