terça-feira, 30 de abril de 2013

UM DIA SIMPLES



Um dia simples.
A Água é simples.
Eu sou como a água,
Cristalino,
Como a sombra.
Escuto,
Como a evidência.
A Ansiedade.
O passar do tempo, lento.
Objectivo quase, quase lá.
Falta o toque.
Falta a realidade.
Tudo é simples,
Como eu sei que sou,
De tudo um pouco,
Também meio louco e,
Complicado também.
Por isso é simples,
O dia e a noite.
O Sol e o Luar,
O ar e o mar.
Basta olhar,
Tocar e amar.
Um dia simples.

30 ABRIL 2013

CONTROLAR O SILENCIO



Tenho esta fome de controlar o silencio.
Tenho um formigueiro enorme na alma,
uma vontade gigantesca de sair da pele.
Se me abstenho de pensar, bloqueio
por pensar nisso mesmo. Em nada...
Tudo isto se torna aflitivo e sem remedio,
alem de que a pressao comigo proprio
cresce sem limites imediatamente incontrolaveis.
Nao me abnego, nao me abstenho!
Nao sou facil de entender, eu sei.
Mas tambem nao me preocupa sobremaneira,
as opinioes de terceiros. Nem a minha,
porque ate comigo eu luto e desatino.
O silencio, esse sim e o trofeu da minha luta.
Rumar a um estado consensual de silencio.
Um patamar que so a sabedoria e o tempo,
tem a capacidade de entregar realmente.
Tenho estes devaneios intermediarios,
que nao me deixam esquecer este objectivo.
Tenho de me entusiasmar amiude, sozinho
no silencio, na procura deste mesmo silencio.
Um silencio superior, nao apenas de boca calada.
O que me galvaniza nestes momentos,
e o que sinto por dentro, la bem no fundo...
A alma, que tem um poder indefinido, oferece
um martirio permanente e constante ca dentro,
nao para de me atazanar os momentos de banalidade.
Sendo justo e sincero, aprecio e agradeco,
tenho este privilegio interno de inconformismo.
Mas sou absolutamente previsivel, e detesto!
Apesar de tudo sou o que serei, em silencio.
Aprender a viver com silencio, e uma saida
para toda a podridao diaria dos sentidos.
O acumular de noticias que nos tornam estranhos,
as duvidas que nos manteem vivos, sao tantas...
A terapia e facil se a entenderem, se a conseguirem...
Basta tao so, controlar o silencio.

30 ABRIL 2013





quinta-feira, 25 de abril de 2013

SER ESPECIAL



Ser especial.
É tão simples.
É ter o talento.
É ter o dom.
É o momento.
Ser especial,
Não tem definição.
Ser especial,
És tu, simples.
É um olhar.
É um sorriso.
É uma palavra.
Ser especial,
É sentir-te.
É gostar de ti!
É esperar.
É encontrar-te.
Ser especial,
É ver-te feliz.
É ver-te sorrir.
É ver-te acordar.
É fazer amor contigo.
Ser especial,
É ter saudade.
É pensar em ti.
É sonhar contigo.
É amar-te.
Ser especial,
És tu em mim.
Ser especial,
É ouvir-te a voz.
Ser especial,
É tão simples.
Ser especial,
É dar-te um beijo.
É tocar-te a pele.
É sentir-te o cheiro.
Ser especial...
És tu!

25 ABRIL 2013

segunda-feira, 22 de abril de 2013

UM DIA POR GOZAR




Um dia por gozar.
A fragilidade do poder.
O Sol agressivo de energia,
Parafrenalia de emocoes.
Coisas seriamente boas,
Fantasticas, as que sinto.
Um astral unificado,
Dividido por quem sorri.
Vontade de ser normal,
Na pressao da loucura.
Ser louco e bom!
Os sons e imagens,
O preto e o branco,
Gravados na memoria,
Mais simples assim...
Saber de quase nada
sem intencao de mais.
Viver!
Respirar o corpo.
Sexo e vida farta.
Um pouco de tudo.
Irreverencia e inconformismo.
Tudo e nada, sempre!
Mente diferente e sanidade.
Adormecer e acordar.
Continuidade.
Canibalismo dos sentidos.
Os toques, os cheiros.
Um dia farto de tanto.
Um dia por gozar.

22 ABRIL 2013

domingo, 21 de abril de 2013

A PUREZA



Hoje identifico-me com a realidade.
Apenas pelos momentos necessarios.
Os conhecidos "quanto baste"...
Todas as impurezas do genio,
teem um relato adjudicado ao Ego.
A fragilidade de cada individuo,
a minha, propria que nao admito, nem tolero.
A realidade compoe-se de um conjunto,
porque todos os factos estao inanimados.
A realidade nao me da treguas,
da-me os sonhos que contorno,
da-me a unica fuga possivel ao entusiasmo.
Por isso estou sempre identificado!
Apenas o acto da insolvencia me tormenta.
A insolvencia do que e preciso,
a abnegacao do possivel e realista,
em contracenso com a real possibilidade.
E doi-me esta mordomia descoordenada.
As imagens e sons que sabem bem,
as pessoas que sao "bonitas",
e toda a falta de senso realista.
Tenho pena dos inertes...
Tenho a fobia dos absolutistas,
mas nao os que foram reais.
Tenho a vontade inequivoca,
um prazer enorme de dar o que e preciso.
Tenho esta fome de ser indesejavel.
Ha algo de abominavel na vida.
Um monstro que e belo,
uma princesa que a imagem finge.
A realidade, a mim nao me da treguas...
Leio e sorrio em todas as animacoes.
Apenas apelo aos momentos necessarios.
Acima de tudo sou um inconveniente.
A imagem de todos, sou um "Ze Ninguem".
E quero que fique essa pureza.
Nem Zaratustra me entende...e nem escuto,
toda a pureza que os outros nao teem!

21 ABRIL 2013

O ECO DO BAIRRO



O eco dos meus passos...
As ruas sao tao estreitas,
pelo som, por mim e pela noite.
Os candeeiros, sao forjados
um metal velho resistente a idade.
A luz e nostalgica, leve e adocicada.
E o eco, soa. A cada passo.
Este bairro velho, encanta-me,
como todos os bairros velhos.
Sao anciaos de pedra viva.
Sao testemunhas do tempo,
que ainda vejo, e de outro...
Um tempo que leio, que imagino,
que revivo em teatro interno,
que me informa do passado.
A calcada, apenas gasta,
resiste ao tempo, a erosao.
A erosao, os passos que foram...
Os passos que sao o meu eco.
Tantos que ainda sao e serao,
os velhos, os novos e as criancas.
As fachadas estao resignadas,
sofrem de impaciencia cronica,
e da desilusao na falta de respeito.
E o eco... os meus passos falam.
Ecoam, para manter viva a historia,
para manter o som da memoria,
nestas ruas estreitas e nostalgicas,
resistentes a todos os mortais.
Nunca morrem as ruas velhas.
Sao cada vez mais velhas,
cada vez mais interessantes,
cada vez mais bonitas.
So o piar dos passaros,
acorda a alvorada nos bairros velhos.
So os bons dias dos vizinhos,
acordam os sorrisos dos herdeiros.
E o eco... O eco nao para de gritar.
Os passos nao param de passar.
Ficam os bairros velhos,
cada vez ainda mais velhos,
e brilham com este meu eco,
e outros que acordam a minha cidade .


21 ABRIL 2013

quinta-feira, 18 de abril de 2013

SEMPRE QUE A NOITE ME CHAMA



Sempre que a noite me chama,
Há um processo único que se desenrola.
Se pudesse descodificar a calma,
As partes seriam paralelas a este mundo.
Talvez um mundo paralelo. Talvez eu...
Acalmo com a noite, mas não totalmente.
A espera do inconformismo é poderosa.
A insónia assalta a calma que preciso,
Mas não fujo, nem entro em desespero por isso.

Tantas vezes a insónia e bem vinda!
Tantas vezes que algo cresce,
Que tanta coisa sai de mim graças a ela.
Apesar da mistura, porque há uma mistura,
Há um conflito interno permanente
Sempre que a noite me chama.

Há separação do corpo e da alma.
Há sono e sonho que se misturam,
Não vivendo separados senão de mim próprio.
Quero que assim seja e, assim permaneça.

Tento o registo de tantas coisas estranhas.
Raramente o consigo, além das permissas que ficam.
São pontos de recomeço, um futuro muito próximo.
Sou eu entravado no corpo e no mundo.
São as veias que ardem num calor vulcânico,
Que me derretem a carne, como a pedra é lava.

As as erupções são o toque do divino.
São o sorriso adormecido, as palavras sem nexo,
Os sonhos que duram horas, em segundos.

Sempre que a noite me chama,
Corro para não a perder. Não falto à chamada
Nem por nada, ou qualquer motivo gratuito.
Quero a noite como o dia, porque são o sonho.

Sao hemisférios que se tocam com a velocidade
De um buraco de verme, a fuga do cosmos.
Fica esta dúvida optimista sobre a vida,
Fica a curiosidade sobre tudo, por satisfazer.

O dia, o corpo, enérgico uso camuflado,
Existe apenas até que a noite chegue.
Sempre que chega, tudo muda.
A alma acorda.

É sempre assim,
Quando a noite me chama.

18 ABRIL 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

VAMOS FALAR...




Vem querida.
Vamos falar.
Vamos falar de tudo!
Vamos falar quase de nada.
Vamos falar de nos.
Vamos falar do mundo.
Vamos falar do amor.
Vamos sentir a pele colada.
Vamos falar em gemidos.
Vamos sentir a fome.
Vamos sentir a fartura.
Vamos falar de tudo!
Vamos falar o que e bom.
Vamos falar do que e bonito.
Vamos falar da realidade.
Vamos falar da utopia.
Vamos falar do que fica bem.
Vamos falar do que faz sentido.
Vamos falar sozinhos.
Vamos falar na alcova.
Vamos falar o desejo.
Vamos sentir o orgasmo.
Vamos olhar para tudo.
Vamos ouvir a hipocrisia.
Vamos criar um destino.
Vamos falar de tudo!
Vamos encostar as cabecas.
Vamos tocar-nos no sexo.
Vamos sentir o mundo.
Vamos ter pena da fome.
Vamos olhar um sorriso.
Vamos falar calados.
Vamos tocar a pele dos dois.
Vamos amar o que amamos.
Vamos ajudar os filhos.
Vamos ajudar os pais.
Vamos ser um pouco de tudo.
Vamos falar os dois.
Vamos explorar a saudade.
vamos entregar-nos ao leito.
Vamos despir as roupas.
Vamos sentir o que amamos.
Vamos dar um impulso.
Vamos gemer de prazer.
Vamos...
Vamos...
Vamos falar...

17 ABRIL 2013

terça-feira, 16 de abril de 2013

DEIXEM-ME !



A distancia do mundo esta em mim.
Toco a terra com os pes, sem opcao.
E vejo blasfemias humanas.
Vejo a podridao da mente dos fracos.
Vejo o vermelho do sangue e do fogo,
o fogo que mata inocentes so porque sim.
Estou enojado com os extremismos.
Lutam contra mas pedem cruzadas.
Mete-me nojo essa "humanidade" falsa.
Matar uma crianca que seja,
pais, maes, o raio que os parta...
Nao tenho misericordia na alma.
Assim, nao a sinto. Nao por vinganca,
muito menos por odio que os nao tenho.
Mas a justica tem de ser feita!
Ha uma nova ordem de caos edificada.
As ramificacoes, sao inevitaveis.
A podridao nasce do podre,
as almas porcas conspurcam a sanidade.
Nao tenho pena que sejam eliminados.
Teem de ser eliminados!
O mundo torna-se distante para mim.
Cada vez mais me encolho na pele seca.
A alma enfraquece por nojo.
A tentacao beija-me os actos.
Nao posso nem quero carimbar culturas.
Mas nao poluam a minha, quero amor.
Quero acordar em ceus pintados de azul.
Quero mergulhar no frio do mar,
esconder o brilho do Sol, e sorrir.
Quero o espelhado da Lua, e uma mulher.
Quero a sofreguidao do oxigenio,
o calor dos beijos, a imensidao do sexo.
Nao quero guerras cobardes, nem mortes.
Nao quero inocentes mortos pela hipocrisia.
Estou furioso com a vida!
Estu furioso com os filhos da puta!
Deixem este mundo viver em Paz!

16 ABRIL 2013

UM ACTO DE MORDOMIA



Um acto de mordomia.
Um terco e oracao.
Asas abertas a vida,
mesmo pobre, mas voo.
Um sorriso ao vento,
pele fria como gelo.
E penso, como e bom.
Sabe imenso o amor.
Sabe  na prova da carne,
no palpitar do peito.
Misturo divino e profano,
nunca por engano.
uma mao descontrolada,
pelo teu corpo, um iman.
Uma simples oracao, solitaria...
O beijo fica tenro,
o desejo, ainda mais terno,
a carne, amolece se colada,
enrijece se tocada,
nos labios quentes, sem controlo.
Os olhos falam no silencio,
e ai como grita o desejo.
Os toques sao tantos,
os murmurios sao eternos.
Eis que entro por desejo,
na fusao dos nossos corpos.
Eu aqui galgo montanhas,
na tua sela, que em mim se cola,
no relinchar desenfreado,
no cavalgar dos nossos labios.
E amo tudo...
amo mesmo tudo isto!
Amo sem perder o tino,
mesmo ate sem o ter,
mesmo depois de todo o caos.
Fica o amor, tal como somos,
um acto de mordomia.

16 ABRIL 2013

domingo, 14 de abril de 2013

MERCADO DOS SONHOS



Não tem preço a quantidade.
A qualidade é grata e imprevisível,
Tal cume da mais alta montanha.
As nuvens, enregelam de atracção.
O portal de um paraíso imaginário,
Um Shangri-La retocado, vivo.
Uma enorme e pesada porta.
Madeira de cedro. Um templo.
Ferrolhos polidos pela eternidade,
As bancas são de mármore rosa polido,
Brilhante e suave como a pele dos anjos.
Não se vende, nem se prega nada.
Estendem-se mãos frágeis e finas,
Pequenas nuvens que se tresmalham.
A moeda de troca, é um sorriso;
Uma festa ou um beijo, selam contratos.
Não tem preço, não tem nada.
Os sonhos, circulam livres
Pelas almas e egos que escolhem.
O som, é algo inexistente.
Apenas o aparente traz a dúvida.
As bancas são infinitas, são muitas.
São tantos os sonhos com troca possível.
As tecnologias estão ultrapassadas,
Aqui nasceu a escolha do futuro.
Aqui nasceu o livre arbítrio.
Aqui estou eu, em todas as bancas e,
Entrego-vos todos os sonhos.
Os meus,
Os vossos,
Os que ainda não foram sonhados.
Os que já não me lembro.
Mas venham!
Instalem-se por ordem de chegada,
Não há senhas, nem vitórias.
Aqui impera o bom senso!
Aqui há a beleza da vida.
A realidade, é o acréscimo que escrevo,
Em plena euforia dos meus sonhos,
Sem comércio nem deslumbramento,
Apareçam e escolham apenas.
Escolham os vossos.
Este é o meu
Mercado dos Sonhos.

14 ABRIL 2013

sexta-feira, 12 de abril de 2013

AMAR A VIDA



Uma casa de campo, rustica
velha, calma e acolhedora.
Um jardim colorido, um lago,
a luz do arco iris, e o verde...
O silencio. A ternura do silencio.
As cores que acariciam o vento.
Os arbustos empertigados, cheios
de uma ramagem idonea e unica.
A ambicao de ser arvore,
o espreguicar dos ramos e folhas.
Os pingos de orvalho, a madrugada
fresca, como a agua que tiro do poco.
As cores arqueadas na humidade.
O som timido dos passaros,
que me adoram e acordam devagar.
Aos poucos, sem pressas algo nasce.
La longe, depois do final do meu braco.
No horizonte que aponto, que espero
pelo calor raiado no meu corpo.
Uma brisa hipnotica, a harmonia,
a paisagem serena, o paraiso.
Um local onde me sento, onde vivo.
O fechar de olhos, o prazer.
Um quadro vivo, tao colorido,
como aos olhos de Van Gogh.
A vontade de ler, de escrever...
A vontade de vida, que nao quero perder.
Os meus olhos, a visao do meu quadro.
O cheiro... Oh Deus e o cheiro.
O cheiro das coisas simples,
o cheiro das coisas boas...
O apaziguar da alma, tao feliz,
o Ego cheio de felicidade.
Criancas e risos ruidosos, vivos...
Um choramingar mimado, uma queda.
A mulher que completa a paisagem.
Um quadro cheio de pequenos toques,
desafiar ao vivo o impressionismo.
O meu, que impressiona a minha vida.
Um desejo efemero, a eternidade.
Amar a vida, com simplicidade.

12 ABRIL 2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

TRATAR A VIDA



Tratem a vida com vagar!
A pressa e a fobia são ásperas,
Como arestas da impaciência.
Viver a vida tem sabedoria.
Saber ser simples, não é fácil,
Nada fácil, mesmo!
Tenho dificuldade nisso,
São tantas as vezes.
Mas, há uma imagem...
Há sempre uma imagem.
Um foco de concentração,
Um objectivo sensorial.
Amor, amizade, desejo...
Tudo tem sabor diferente.
Tudo deve ser saboreado (!), devagar.
A revelia do desdém tem sentido,
Quando se desdenha o que não presta.
Tenho um sabor presente,
Tenho a vida construída por episódios.
Tenho um sabor ausente,
A vida toda à minha frente.
Quero calma ao adormecer,
Cansado e suado do amor.
Quero calma ao acordar,
Cansado e suado do amor.
Quero sempre uma imagem.
O brilho da manhã, o calor do Sol,
Que me acalmam o corpo,
Como energia, absorvida como veludo.
Quero calma na alma,
Como quero calma no Mundo.
Tratem bem da vossa vida.
Tratem a vida com vagar.

10 ABRIL 2013

segunda-feira, 8 de abril de 2013

UMA DOR SAUDAVEL



As saudades sao como acido.
Sao o apurar do sentimento, sao a falta...
A necessidade de ouvir, cheirar e ver.
Sao o mel de uma colmeia vazia.
O motivo da saudade e tao nobre,
potente e de uma entrega definitiva.
Mas doi como acido corrusivo,
que aos poucos me abre furos na alma.
E quem nao adora a dor? Esta dor...
Tenho pena de quem nao tem saudade.
Nao tenho pena de mim, porque a tenho!
Uso e abuso dela... admito que a procuro.
Lembro os gestos, os sons, a presenca.
Lembro os cheiros, murmurios e gemidos.
Ate a ausencia eu lembro!
E nao me doi assim tanto.
Quando me lembro da saudade, vivo...
Quando o sonho me assalta, nao resisto...
Deixo-me voar na saudade,
deixo-a tomar o feitico das nuvens.
A leveza do voo de quem ama.
Um local, um amigo, um filho...
Mais ainda o prazer de uma mulher.
A minha, uma unica e inigualavel... para mim!
E o acido corroi-me pela dor da distancia.
Doi-me so a impossibilidade do toque.
Nao me doi o corpo, apenas uma dor...
Uma dor diferente, como diferente eu sou.
A dor da saudade, e uma dor cruel
mas ainda se mantem, como uma dor saudavel.

08 ABRIL 2013

O MARTIRIO DA ESCRITA



Apetece-me tanto escrever!
Tanto, tanto que bloqueio.
Funciono neste momento,
tal e qual o transito na cidade.
Cheio de engarrafamentos,
paragens que dispenso totalmente.
Os punhos teem tendencia a cerrar.
A agarrar os cabelos nos dedos,
como se espremesse as ideias.
Mas nao sai... saem pequenos arranques.
E o meu motor... vai abaixo.
A minha maior experiencia
no que toca a frustracoes, esta aqui.
Esta na tentativa frustrada de escrever.
Tenho um milhao de ideias,
sao tao boas que vou encher o mundo.
Sao tao boas que nao ha folhas,
sebentas ou computadores com memoria
suficientes para tanta expressividade.
Mas falta-me um coisa simples...
Conseguir simplificar!
Durmo aproveitando sonhos.
Dou especiarias e cor ao tempo morto.
Mesmo acordado, penso e penso,
ate chegar ao demasiado.
A esperanca e que um metodo surja.
Um metodo ou outra coisa qualquer,
que me instigue a fluidez da criatividade.
Esta ca tudo... tanto, e tanto ja comecado.
As ideias sao crueis, porque nao param.
A dor surge e faz-me tocar limites,
a lucidez as vezes turva, pelo meu travao.
Apetece-me tanto que penso alto,
ou penso assim, escrevendo...
Tenho tanta fome de ter tempo e fluidez.
Talvez um sonho me de a realidade,
talvez finalmente, consiga nao fazer mais nada.
Absolutamente mais nada na vida...
E a utopia aparece, mais um martirio.
Apetece-me tanto escrever,
que acabo por nao escrever o que quero.

08 ABRIL 2013

sexta-feira, 5 de abril de 2013

UM SONHO PESADO



Ao ouvir agora musica, 
sinto-me como novo.
A alegria do Sol no corpo,
Bowie ou Bach na memoria.
Apenas a eternidade.
Sair de dentro disto...
Do espaco incompleto,
que a minha idade tem.
So uma cadeira na sala vazia.
O Eu inerte descansa,
e balanca ao som da musica.
A cabeca roda sem ritmo.
Os bracos, mexem o sangue,
que cai nas pontas dos dedos.
Um formigueiro constante.
Um aperto no cerebro,
e vem a falta de espaco.
Neste mesmo espaco vazio.
Talvez a loucura me tente.
Talvez me sente nela.
A espera... sempre a espera.
Os novos romanticos...
Os hinos sinfonicos,
a cabeca cheia de coisas boas.
O corpo nu, colado
ao tocar a madeira.
Suar acompanha a loucura.
O calor no meio do frio.
Sentir-me novo, na memoria.
O brilho da lampada,
inoquo e brilhante.
Inerte e confrangedor.
Como a minha cadeira.
Sozinha comigo, 
no meio da sala vazia.
A luz artificial tao quente,
o cerebro alucinado.
Um sonho pesado.
Batem a porta...
Um remoinho violento,
comigo no centro.
Acordo...

05 ABRIL 2013

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A MINHA LIBERDADE



Nao tenho medo da chuva e do tempo.
Tenho horror aos muros e paredes,
simbologias claustrofobicas... e de grades.
Prefiro sair rua fora, enfrentando
o frio e o vento, sentir a pele arrepiar.
Mesmo descalco e citadino, sofro
as arestas que me gretam os pes.
Que sangre dos rasgos, e sinta
a vida que de quente, vou deixando
sementes perdidas do meu corpo.
Que o alcatrao se derreta a cada passo,
com o meu medo de continuar.
A cada passo, a cada passo vem a dor.
As solas dos pes esfoladas, queimadas
pelo sangue que escorro,
pelas raizes que de mim perco,
que enraizam o solo sem eu querer.
E o corpo se transforma em nada.
E o meu corpo regressa as origens.
O po que evito e sopro, que pestanejo
a cada desses passos, serei eu.
O meu futuro sera a parte oposta
das petalas... de todas as petalas.
Serei eu o polen, o embriao vegetal.
Tenho medo de que os pes se colem,
que o alcatrao sugue a minha raiz.
Nao quero ser pedra, nem transformado.
Nao quero ser betao... talvez uma escultura.
Nao quero muros nem paredes,
nem a claustrofobia das grades.
Quero ser plantado no horizonte.
Quero renascer do meu nada ambulante,
com outras cores diferentes, mas quentes.
Quero ser a raiz das arvores,
um local de culto animal, os meus dedos
serao ninhos de asas, que aprendem a voar.
Quero desmistificar o ultimo caminho,
trocar estradas e ruas por carreiros.
O po que paira no ar, que voe e se perca.
Como eu, que nao me quero encontrar.
Quero ser a folha seca, caida do meu ramo.
Perdida e alegre ao sopro do vento.
Nao quero saber onde, nem como,
nem onde vou cair, apenas continuar a voar.
Quero acordar um dia qualquer,
quero olhar para o espelho, e ver
que olhando para mim, vejo a liberdade.

04 ABRIL 2013