Tenho esta tela por pintar...
Olho o vazio de espaco que vou ocupar.
Branca, pura, cheia de nada.
Procuro tinta certa em pincel condizente,
desbravar esta mente,
sujar o branco de uma golpada.
Nao sei se goste, ou queira o que pinte,
sera forte em bruto requinte,
compor um tudo sem o branco tocar.
Que o amor aconteca,
que as tintas realcem a emocao das cores,
que surjam esbocos de caras e flores,
que me sinta cheio de peito, no que pinto.
Misturo tons quentes nesta mao tremente,
pigmento de po se torna coerente,
cor certa, criar o poder,
fecho meus olhos, pinto em prazer,
sentir esta loucura,
pintar com ternura.
Um cenario ao fundo vou poder ver,
cheirar esta tinta, sentir teu desejo,
borrar o pincel, usa-lo num beijo.
Moldar imagem em mao firme,
tocar o que sonho mantem-se premente,
ser causa, ser fogo, conseguir ser gente.
Acabar esta tela em tinta tao bela,
sopro e seca, um quadro apela,
quadro de sempre em causa futura.
Cheiro a tinta e me embebedo em sabor,
transforma-se odor nas cousas da mente,
escorrem-me flores nos dedos pintadas,
espremo-as, sinto-as, em causas achadas,
penso enfim, que pintura engracada,
as telas da vida dao-me tudo...
Dao-me nada.
Pronta e pintada a tela risonha,
mostra esbelta aos olhos que passam,
amor nao tem cor,
tem tons, e assim,
sao todas as cores.
27 Junho 2011
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