quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

EROSÃO (DE)VIDA





Tomara eu ser um caso perdido,
Onde só a Via Láctea me recebesse
Com um brilho gasto ou quase baço.
Só a fascinação me afasta
De todas as impossibilidades.
Não acredito em coincidências
Muito menos em coisas inatingíveis.
Transformo os acessos e galgo
Todos os muros, todas as muralhas
Só pelo desafio de saber de antemão
Que nada neste mundo é eterno,
Sabendo que nada é inultrapassável,
Muito menos a matéria que finge
A protecção desmesurada da fuga.
Posso perder-me por aqui,
Pelos meus enterros escritos,
Ressuscitados de imediato
Com a imprecisão dos objectivos.
Estou vivo. Como nunca!
Estou farto, como há muito não estava,
Desiludido, só por uma nova fase
Que afinal é só mesmo mais uma.
A incontinência das falhas,
É como cimento duplamente armado,
Quase inquebrável como a minha alma.
Racho as falhas recuperáveis,
Por um piscar de olhos e um sorriso.
Tudo tão doce como um abraço
Que te daria, pois sei que sim o queres.
O infinito é quebrável, tem vagas
E mudanças de rumo intermináveis
Como o começo e o fim que não existem.
Sou afinal de contas, um arrepio
Um prazer que só os poros sentem
Que só os lábios sabem tremer
Que só o gosto me entesa a mente
Porque sonhar com a vida
É fugir da morte premeditada.
Se não fugir daqui, fujo de mim
Pois suicido-me nestes pedaços de folhas
Com a rapidez de um grão de areia
Criado pela erosão milenar da vida.
Fico apreensivo, sorridente e lascivo
Expectante pela próxima luxúria
Que me assalta o céu da boca
Que me dilata as narinas
Que me arrepia os dedos
Só de pensar como é bom amar.



04FEVEREIRO2016

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