sábado, 31 de janeiro de 2015

RÉSTIA DE PERSONALIDADE




Decantar uma réstia de personalidade,
Poderia transformar moinhos,
alucinar guerras desnecessárias,
numa melancolia silenciosa do ocaso.
O aroma da paz é intenso.
Deveria ser o adormecer das árvores,
o quotidiano das estrelas, o brilho,
disfarce de uma luz subterrânea.
Chega a noite, chegam as chagas.
Já não queimam corpo, nem alma,
ssão o hábito de um monge nu,
em eterna penitência flagelante.
É um lavar de pés de misericórdia,
com a candura de um amor sincero.
A exactidão dos processos,
são distâncias minúsculas
entre o Homem e o cosmos.
Serei quântico quanto baste,
perdido na percepção das proporções.
Serão misturas de Gigantes,
com tresmalhos femininos de história,
que decantam esta réstia de humanidade.
Fico sempre neste limbo impertinente.
Fico seco de frente à fonte,
que apenas jorra a dúvida que quero.
Vou minar uma montanha,
escondida nessa noite de chagas,
que iluminam o escavar da rocha,
que abafam os gritos da violação.
O momento é este. Sempre meu,
distorcido por um espelho velho,
que ondula a minha silhueta,
e me faz acreditar que existo.
Que posso eu dizer?
Sou personalidade positiva,
 nesta empobrecida réstia do Mundo.
Este Mundo é a minha pátria.

31JANEIRO2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

SÓ ASSIM



Paredes, já não me preocupam.
As cores desintegram-se, 
Talvez secundárias. 
Detesto sim, imagens fictícias! 
Preciso de uma pedra! 

Nua e crua,
Tirada ao elemento do Eu.
Quero escopro e martelo.
Quero ter mãos calejadas,
Pelo resultado de uma escultura.
Cada vez mais, mais forte.
Sou eu que me transformo!
Não quero burilar o exterior.
Que se dane o corpo!
Só ele pode sentir esta dor paralela,
Que só a alma consegue gerir.
Quero esculpir um novo Eu!
Entender o que preciso. 

O que quero, o que faço!
Destruir um Ego cansado e teimoso,
Ao esculpir uma alma nova. E seguir!
A Alma velha sofre, uma só dor,
Morrerá com o meu renascimento,
Com a minha nova escultura e,
Só assim, estarei a salvo.
De mim próprio!

29JANEIRO2015
Carlos Lobato

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

HOLOCAUSTO




O que representa a memória?
Nunca esquecer o tudo e o pouco,
Nunca esquecer o ódio e o perdão,
Nunca esquecer o bem e o mal!
O que representa o genocídio?
Manter a memória viva,
Manter a alma em paz.
Sentindo o cheiro, dos corpos,
Das almas, da destruição maciça,
Do ódio do Homem,
O gémeo da morte.
Memorizar o Holocausto!
Para sempre. Para sempre!
70 anos. A vergonha do Homem,
Hoje, a memória à Eternidade!
Comemorar a vida, o futuro.
Nunca esquecer o passado
Morreram os corpos, inocentes,
ficou a memória! Para sempre!
Acredito nas estrelas!
Acredito no amor!
Ámen!

27JANEIRO2015

domingo, 25 de janeiro de 2015

SER SELVAGEM



Seria uma benção,
Ser selvagem.
Ser selvagem!
a inteligência ausente!
Essa tal consciência,
revestida de enormidade,
de coisas boas,
enquanto o são,
enquanto o foram.
Entre a felicidade e,
o desespero,
basta um sopro,
um passo em falso,
desilusões,
opções subjectivas.
Ser selvagem é pensar,
inconsciente por instinto,
essa é a pura liberdade.
Meu Deus,
gostava de ser assim,
livre, selvagem,
sem consciência,
conscientemente!
Isto não é desgraça!
É bom, ter inteligência,
fazer parte do...
fazer parte da...
células com um final feliz.
Acho eu,
conscientemente...
Um final feliz?!
Pelo que aprendo,
não há nem princípio,
nem fim. Talvez mesmo, o futuro
se construa de passado,
o quântico, revoltado
conquiste a micro existência.
Já conquistou!
Vai conquistando.
Só falta a certeza,
explicar como acontece.
Por isso,
a vida é tanta dúvida.
Talvez por isso,
tenha eu dificuldades;
entender as pessoas,
ou o oposto.
Não consigo viver a vida,
só porque sim.
Selvagem!
Talvez a fórmula, ideal,
sem opções conscientes,
lógicas delimitadas,
ou finais objectivos.
Por isso amamos,
as bestas,
as belas bestas,
que correm e calam.
Que não ligam,
que ferem (in)conscientemente,
como defesa natural e inata.
Ser selvagem...
Era bom esse acrescento
à irreverência que me torna só,
realista e limitativo.
O caos será selvagem,
até que a consciência,
consiga sobreviver.

25JANEIRO2015

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

FICA UMA PALAVRA



Fica uma palavra,
depois das poucas
que trazem,
um sopro de ar.

Ficam as outras
as que não disse,
as que não falámos.

Fica o desejo,
inteiro, adiado,
só com um beijo,
te posso provar.

Fica a noite,
a Lua tão perto,
o sonho aqui,
já é saudade.

Fica o abraço,
o cheiro da pele,
os dedos, o tacto,
e mais um de tantas
dezenas de beijos.

Fica uma palavra...


20JANEIRO2015 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A TRISTEZA NÃO EXISTE




Apetece-me dizer adeus à tristeza!
Não é por estar triste. Não estou!
Há esta tendência meio drástica,
quando escrevo sobre tanta coisa.
Dramático não sou, apesar de
apreciar o bom drama sem máguas.
Escrever é tão solitário, que me recolho
sem dar por isso, e digo o que não devo.
Mas escrever, não pode esconder nada,
é um porta aberta que solta a alma,
que a deixa espernear à vontade,
umas vezes mais contida por consciência,
outras vezes conscientemente acutilante.
Há a escrita idiota, que pega em anormalidades
sem interesse aparente, sem motivo,
apenas por ter necessidade de escrever.
A tristeza é um íman que magnetiza os dedos,
as teclas agarram as frases e resmungam
de tal maneira, que me apetece apagar tudo.
Mas decidi apagar nada. Deixar a estupidez fluir,
encontrar-me sózinho, aqui, de frente
a um monitor que me detesta com a certeza
de tantas vezes o acordar para o mundo.
A tristeza é uma forma extra de vida,
menos recomendada por ela própria,
um paradoxo que no fim tem nexo.
Gosto de saber o que faço aqui,
porque existo e como existo,
quem criou esta loucura de beleza
ignóbilmente mal tratada pelo destinatário.
Lá fora, fora daqui, deste monitor,
ou de uma qualquer folha de sebenta,
não tenho qualquer tristeza, absolutamente!
As decisões são para tomar amiúde,
porque o que faz mal, o que realmente entristece,
tem de ter um termo algures, um dia,
um local, uma qualquer pessoa que o mereça.
Vivo a vida com amor. Amor a tantas pessoas,
a tantos desejos, a tanta procura infinita,
mas essencialmente à arte, fundamento
e realização máxima da expressão humana,
um desafio para dotados de um milagre
pessoal e intransmissível. É isso o amor.
Amar o que se gosta, quem se gosta,
quem mereça que o amor seja entregue.
Por mim, tenho muito "dessa coisa" para dar,
basta haver, como não houve, quem o mereça.
A tristeza não existe, só por fases e fingimentos.
Gosto muito de gostar, quando a alma reage
e me indica o caminho certo para ser solta.

19JANEIRO2015

SE ME PERDER UM DIA






Se me perder um dia,
quero perder-me entre dois espaços.
Estou mais perto disso que de nada.
Se as montanhas se movessem,
aparava as arestas das encostas,
alisava os vales com rios calmos,
e os cumes beijariam o céu.
Talvez a terra chame os anjos,
na calma paradisíaca da floresta,
ou pelas cicatrízes escondidas da cidade.
A cidade fere as almas. 
Precisam descansar da geometria falsa,
dos cubículos ressequidos onde vivem,
de tanta realidade fictícia e, da prática
de impulsos rápidos de sobrevivência.
É incerta a travessia da coragem.
É quase impossível viver em dois espaços,
contínua ou descontinuada como eu.
Queria fugir desta responsabilidade certa,
conquistar o incerto gozo de sobreviver,
com a originalidade selvagem da natureza.
Já há poucos eremitas no mato.
Transformaram-se em eremitas do betão.
O calcinar do tempo endurece a vida e,
toda a vontade de uma liberdade pura.
Pedir a Deus ajuda, permanentemente,
não leva a qualquer benefício prático.
Mas sim. Esperança e fé são gratuitas.
O cristalino das nascentes é oferenda
de todos os deuses que imaginamos.
Desfrutar da natureza e inteligência,
virou contrasenso e contranatura.
Se me perder um dia,
que seja na minha própria cabeça,
onde o impulso puro, reaja forte,
que não vença o politicamente correcto,
mas me traga, o mistério desvendado.
Estou práticamente perdido,
consciente da próxima viagem,
ao perder-me pelos sentidos,
até encontrar o meu equilíbrio.


19JANEIRO2015

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

CORAGEM




Tantas vezes dou por mim
a pensar, no conceito "coragem".
É estranha a opção que possa tomar,
tenho tantos desvios na matéria,
que as opções são demasiadas
para um acto tão nobre e inato.
Vem-me à ideia a blasfémia.
Ridicularizar ofensivamente,
por influxo de receios íngremes,
ultrapassados por cumes ganhos,
sem medo de cair em precipícios.
Tem a ver com inflexibilidade.
Vejo e ouço tantas banalidades,
que a coragem vai sendo rara.
É como ouvir o som de um buraco,
sem eco aparente, sem veemência.
A natureza é corajosa, por si só,
sem saber do conceito humano.
Apenas é. Não só porque sim.
É o Homem que me surpreende,
é a falta de atitude individual,
que resulta na falha colectiva.
Há excepções, evidentemente.
Eu, não sei em que degrau estarei.
Não me preocupo. Não me calo,
nunca me resumo a silêncios.
Fico no limite da consciência,
e no desenrolar das desilusões.
Era bom ter um baú avantajado,
para fechar com cadeados perros,
enterrá-lo num ermo incógnito,
e esquecer a coragem.
É o atrito das decisões,
que me gasta a paciência e a fé.
Prefiro neste momento,
carregar aos ombros, a noite.
Transitar para um espaço diferente,
e receber de frente a surdez
de todas as minhas meditações.
A coragem não pode ser imagem.

15JANEIRO2015

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

ESPERANÇA INALTERADA



Só o gesto pode desanuviar,
quando o nevoeiro é intenso.
Nem as lâmpadas incendeiam
um ar pesado, frio e atraente.
Pode ser antítese, eu sei.
As raízes, agarram a vida,
nunca gemem, nunca falam.
Empurram a vida sem pudor,
sangram um sangue próprio.
A purificação do mundo,
tão intermitente como temente,
sofre de Deuses desiludidos.
Não é o Homem a meta.
O Homem é o início de algo.
Nos dedos, correm os corpos,
que se entregam ao mimo,
ao toque sensual de um amor,
um amor qualquer com coragem.
Temo as capas que nos cobrem.
Temo a imagem e o fingimento.
Amo o impulso realista que tenho,
não por ser narcisista de um Ego,
vaidoso por ter um espelho,
ou pelo que sinto sem pensar.
Mas agarro as consequências.
E choro, e rio, e adoro.
Não odeio mas fico triste,
fico desiludido com o Homem,
mantendo a esperança inalterada.
Que terei a dizer?
Não deixo de me prejudicar,
não me acomodo por ser melhor.
Falho por isso, ou talvez não,
comigo mesmo me prejudico.
Mas amo-me assim!
O que sinto, mesmo que difícil,
tem um motivo claro e realista.
Desdenho ser manipulado.
Ignoro a imagem que me dão,
porque sei que não o sou.
Ficam as memórias intensas,
que o tempo se encarrega de finar.
Eu renasço, cada vez mais forte.
Só tenho pena de ver sofrimento,
assumido e sem reacção lógica.
O mundo gira imparável,
as horas seguem sem destino,
Eu fico com a minha felicidade.

12JANEIRO2014

domingo, 11 de janeiro de 2015

SEJAMOS DEUS




Assassinaram a palavra.
Medos incultos,
Com a destreza da morte.´
O tiro, retorna à arma,
Explode as caras imundas,
Para satisfação dos endossados.
É triste a estúpidez gratuita.
Ser estúpido, merece respeito,
Não se escolhe a inteligência,
Não se compra ao peso,
Nem se pede emprestada.
Inteligência à parte, os cérebros.
Os animais racionais,
Definidos por uma ciência,
A preocupação é imatura.
Sempre atrasada a reacção,
Nem que seja por incredibilidade.
Demora tempo a digerir as palavras.
Agora foram caricaturas, autores,
Inocentes clientes da carne abençoada,
O desprezo humano pela vida.
Mata-se só porque sim!
Ama-se o suficiente, ou até não.
Dedicação é uma cor base,
Alterada pela aberração do nada.
O vazio é o vencedor.
Ganha quem acaba por perder,
Perde quem não ganha nada,
Absolutamente nada, da vida.
O Mundo virou a crosta ao contrário,
As cicatrizes dos séculos abriram.
Ninguém sabe nada de nada,
Ficamos nós, miseráveis inocentes,
Com a culpa da inércia.
Sejamos Deus,
Porque o somos mesmo!

11JANEIRO2014

sábado, 10 de janeiro de 2015

PERDER O FÔLEGO





Apetece-me perder o fôlego!
Correr está fora de causa,
o Homem não foi feito para isso,
fica desengonçado e estranho.
Um livro brilhante, faz o efeito.
Um poema incrível, idem.
Sexo. É tão bom que, 
é garantia de perda de fôlego.
A surpresa dos elementos,
do calor para o frio, 
falta-me o ar, mas sabe bem.
Estes momentos de anarquia pessoal, 
têm uma virtude irresistível.
Acordar, abanar o corpo,
que vai adormecendo na rotina,
nas sensações habituais e,
nas simples ideias utópicas.
Picar um dedo, beliscar a pele,
morder sensualmente, tocar,
beijar todo o corpo. Tudo!
Tanta coisa boa, provocada,
que me faz perder o fôlego.
Quero viajar. Sentir deslumbre,
curiosidade, paixão, sexo!
Perder muitas vezes o fôlego.
E ficar cansado.
Até à próxima vez...


10JANEIRO2015

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O BRILHO DA MISÉRIA



O brilho da miséria,
Reflexo do preconceito,
Está na rua.
Humanizar é preciso,
Ler é necessário!
Agir!
Educar!
O computador biológico,
Chama-se cérebro.
É complicado!
Muito complicado!
Somos culpados do mal.
Somos culpados da história.
Faz parte disfarçadamente.
Não fomos nós.
Não matámos,
Não torturámos,
Não escravizámos,
Não... e,
Não... e,
Não!
E agora?
Serão os profetas?
Serão as fés?
Serão as religiões?
Não sei.
Mas sei.
Acho que sei.
Sei que o Mundo está louco.
Sei que o indivíduo está sózinho.
Sei que a engrenagem empenou.
O brilho da miséria,
Brilha. Brilha como nunca.
Este mundo é o paralelo.
Queria que fosse!


09JANEIRO2015

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

OS LÁBIOS



O beijo no vento.
O beijo na carne,
Nos lábios,
Nas flores.
Em tudo o que beijo.
São beijos.
Imaginados,
Perdidos,
Indefesos,
Envergonhados.
Esfomeados.
Desejos de lábios.
De todos os lábios.
Tenho lábios de vício,
E este vício nos lábios.


07JANEIRO2014

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A MÁQUINA



Um crepitar reconhecível.
Ao longe.
Lá bem no final audível,
Mas suficientemente perto,
Tão perto da memória.
O som do "clique",
Meio metálico,
Meio aveludado.

Só fechando os olhos.
Só revivendo o som.

Um som carismático.
Um rolo. Uma folha.
Todas as velhas teclas.
A fita do "químico",
Vermelha e preta.

O "trrrrrrrrrr" que ecoa,
O cheiro do som,
Por cada mudança de linha.

Máquina de Escrever.
O toque inigualável.
O som inimitável.

Por vezes dou nisto.

Junto imagens e sons,
Olhos fechados,
Uma nostalgia boa,
Que me beija a memória,
E me deixa um sorriso.

05JANEIRO2015

sábado, 3 de janeiro de 2015

O VOO DO EU




Voando como voei,
Apenas mudei de lugar.
O espaço configura-se,
No material e no imaterial.
Apenas o calor mudou,
Mais quente, mais frio,
Inexistente, gélido.
Os paradigmas da certeza.
Os paradoxos da dúvida.
Voando como voei,
Apenas mudei de forma.
Inflexibilidade é um estado,
Não é o meu,
Mas é um estado!
Voei não por voar,
Para mudar de sítio,
Para mudar de ar.
Para ouvir sons confusos,
Só porque não os conheço.
Os concretos e os lógicos,
As normas do indígena.
O escurecer, não é energética.
É simbologia e apetite.
É fome e fraqueza,
Até ser franco. E fraco.
As habilidades pousam,
Instalam-se por módulos,
A Alma (des)organiza.
Voando como voei,
Será o voo que farei.
Um dia qualquer...

063JANEIRO2015