Apetece-me sair da pele.
Ver o mundo como o ar me vê.
É que eu sei que faço parte,
Sei que sou nano proporção,
Das nano proporções superiores.
Circular à minha volta, sim
Quero tocar-me, sentir-me
Sendo eu outro fora da minha pele,
O outro que saiu de mim, que voou.
Entregar-me ao frio do Inverno,
Senti-lo por dentro e por fora.
Apetece-me tremer de frio,
Até que nunca mais o sinta e,
Poder ser quem sou, resistindo.
Apetece-me voar pelo campo.
Vê-lo como o ar o vê.
Como as aves o sentem,
Apetece-me planar em voos picados,
Circular à volta das árvores,
Até tocar a relva e as flores.
Apetece-me voar pelas montanhas.
Sentir a resistência das encostas,
O frio bom das rochas,
Subir aos cumes, beber a vida,
Sugar as nascentes e os riachos,
Sem nunca parar de voar.
Apetece-me tocar os rios,
Em voos rasos, por não poder entrar.
Apetece-me contornar as margens e,
subir! Subir muito, muito, mais que muito,
Até me transformar em ar.
Apetece-me sair do corpo,
Não me apetece ser humano!
17MAIO2014
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