quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O QUE PRECISO




Servem as horas como fronteira à imagem?
É a vida uma folha de papel, sombria, gasta
pelo tempo, que já não é o tempo que me resta?
Toda a minha imperfeição é opção múltipla.
Nasce e cresce, a inata alegria,
com que desdenho, livre,
todas as acusadas fraquezas.
Tenho aquelas que cicatrizam na pele.
Já não vejo batalhas no meu ego,
obscenas, com uma necessidade
louca e sôfrega de oxigénio.
Mas onde ando eu afinal? E apenas?
Luto pela mais simples inocência,
como vastos campos de alfazema,
embriagado pelo bom cheiro da vida.
Se fico sozinho, fico suspenso no prazer.
Não só a carne me alimenta a libido,
as pequenas sensações são júbilo e alma.
Passam tantas imagens que memorizo.
As horas, os dias, todo o tempo que me resta,
já não significam nada irreversível.
Nada é impossível, nem o presente.
Arregaçar as calças, de pés descalços,
sentir o frio de um mar que me acorda.
Sabe bem acordar os sentidos do corpo,
enquanto vou reflectindo as faltas da alma.
Nem só o calor aquece ilusões,
há dilemas que escorrem como poemas.
Ventos que alisam um corpo quase desfeito.
Fico parado, entre felicidade e inércia.
Se desistir de lutar, será pelo sentimento dos outros,
o meu não é incerto, é sincero mas já não espero.
Já me falta todo o tempo de que preciso,
o mesmo que nunca chegaria de qualquer forma.
A ambição, é luta irreverente, com um sorriso,
com gestos de músculos que deformam o rosto,
mas por mais estranho que me pareça,
libertam uma das melhores sensações possíveis.
Sorrir! Sorrir é o que reconquisto.
Deformem-se todos os rostos, pois então.
Que o sorriso seja um arado de rugas felizes,
onde todas as sementes brotem férteis.
O que preciso, transforma-se em veludo,
suave na fertilidade, no amor que fiz e farei.
Quero que as horas parem por um minuto.
Quero girar sozinho, olhar a multidão.
Parada. Parado. Desconhecer o gesto seguinte,
alterado num estalar de dedos. Só eu sei.
A vida é uma louca miscelandia de sorte.
As opções são livres de tomar.
A escolha, continua a ser minha!


27FEVEREIRO2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

VIVER!



Todos os passos fogem,
Todas as luzes se apagam,
Nascem crianças incógnitas,
Morrem velhos abandonados.
Apagam-se as candeias,
Esfumam-se as fogueiras,
Nasce a madrugada.
Soam flautas e metais,
Por cada estrela que nasce,
Rufam tambores de festa,
Reza-se a fé perdida.
Deixem passar a procissão.
O ritual que se perde amíúde,
Óstias e vinhos sagrados,
Andeiros e padres,
Liturgias e essências,
Pantominas do ser humano.
O eco dos passos,
Vidas que o não foram ainda.
Chamem pelas almas vivas,
Orem à vida que desflora da pele.
Chamem nomes ao crepúsculo,
Idolatrem um amanhecer digno,
Gozem a madrugada, é prazer eterno!
Efémero sou eu.
Apesar da minha leveza,
Até as rochas falam comigo.
Basta silêncio.
Paciência para ouvir.
Morre um qualquer homem,
Enterram-se os hábitos.
Chorar não é solução,
é frustração e tristeza,
Já tenho por quem chorar.
E chega!
Agora, sorrir é necessário!
Andar e correr e cheirar,
assim o ego persista.
O silêncio, não se cala comigo.
São vielas sujas, abandonadas.
Só as estrelas brilham.
Viver!
Viver!
Só vivendo serei (s)alvo!


26FEVEREIRO2014

QUERO SER LOUCO





Receei um dia,todas as armas.
Todas as ameaças e punições.
Fiquei livre.
De tudo. De todos.
Fiquei livre.
Até de mim.
Do burburinho de multidões,
gritos de qualquer penitência,
juntos, transformados em cheiros,
floridos, acres, doces e pestilentos.
As imagens possíveis,
são revoltas em egos por maturar.
Os egos têm de crescer, depressa.
A arrogância será um dia silenciosa,
no troar de um trovão, a solidão
que pisa as almas vivas fingidas,
que em nada são, senão mortas.
Tudo é estranho no meu mundo!
Sonho tanta besteira sem sentido,
organizada por tantos capítulos,
que me dou conta já acumulados.
O tema e argumento, é imprevisível.
Assusta-me a imprevisibilidade.
Atrai-me. Quero a desproporção que
serve de desculpa à minha loucura.
Loucura. Um estado superior,
onde os rios não têm margens,
onde as as montanhas não têm vales,
onde as as aves não têm asas,
onde os humanos não existem.
Quero ser louco, mais ainda
nesta forma simbólica de ser eu.
E sonhar...
Perder o medo às armas,
amar as ameaças e punir as punições.
Armazenar-me de munições e,
jamais morra sem a minha liberdade.
Acima de tudo, quero ser livre!
Até de mim!

26FEVEREIRO2014

domingo, 16 de fevereiro de 2014

DENTRO DE MIM




Dentro de mim.
Bem dentro de mim,
está a dúvida de tudo.
Serei eu fiável?
O quê, quem, para quê?
Há um "não sei o quê" na vida.
Um cubano fantástico,
mortifero, mas de um prazer enorme.
O preto e o branco,
o sagrado e o profano.
São tão poucos os anos de vida,
os previsíveis já são poucos.
Falta-me todo o tempo.
A surpresa já não tem euforia,
já reverte a configuração da existência.
Mas sou uma pessoa feliz!
Uma "personna grata" porque sim.
Amo o que tem de ser amado.
Não odeio nada,
nem o que tem de ser odiado.
Tenho a minha lógica, claro.
Não padeço nem renego.
Aprecio ou não, respeito.
É só isso que exijo da vida,
das pessoas, do mundo!
Saber ser o que sou,
ser atingível em todas as hipóteses,
amar o que tem de ser amado.
Mas acima de tudo!
Respeitado!


16FEVEREIRO2014

sábado, 15 de fevereiro de 2014

ESTOU CANSADO...




Olha...
Bom dia.
Acordei com tanto sono.
Acordei de um sono que não tive.
A insónia.
Esta minha amiga insónia.
Só o desespero me transtorna mas,
estranhamente, não desgosto dela.
O dia é cruel, cansa.
Todo este Sol que me entra casa dentro.
O calor que o corpo absorve,
é a energia do cansaço.
Apetece-me dormir. Agora.
Logo agora que devia sair,
passear pelas ruas do meu bairro,
admirar os sons, as cores e os cheiros.
Mas acordei com tanto sono.
Com todo este sono acumulado que,
só eu e o meu cérebro entendemos.
Não parámos a noite toda.
Foi como fazer amor há vinte anos.
Um cansaço agradável,
uma exaustão que me faz sorrir.

Olha...
Vou sair.
Vou voltar a esta intensidade íntima.
Vou fechar os olhos sem dormir.
Vou sentir-te aqui, na pele, na alma,
vamos sair os dois. Daqui...
Vamos dar a volta ao mundo.
Em silêncio. Só os olhos falarão.
É bom sentir o teu abraço.
Vamos selar a felicidade, com um beijo.
Que fique arquivada esta imagem,
num arquivo imaginário de sonhos.

15FEVEREIRO2014


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

EU SEI




Um nome.
Eu sei,
incógnito,
não por mim.
Sinto-o,
oiço-o,
aqui,
em silêncio.
Vejo-o,
aqui,
de olhos fechados.
Não fales,
não digas,
nem toques,
em nada.
Eu sei,
o teu nome.
Eu sei quem és!


14FEVEREIRO2014

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

COM PRAZER



Os moinhos deixaram de moer.
Falta-me a montada e o pagem.
A evolução torna tudo em infinito.
Deixem-me cheirar o sopro do vento,
como quem cheira vinho novo.
Mesmo o frio sabe-me a quente,
pelo presente que o prazer me dá.
Sabe-me a açucar doentio,
saber que existem crianças, inocentes,
capazes de sorrir ao pior imprevisto,
Abe-me a doença,
não me sabe a felicidade.
Tudo se transforma no corpo.
É difícil compreender o prazer.
Existe sim, pelo facto mais simples,
pelo imediato que me arrepia,
pelo fechar de olhos, loucos,
desejo, amor ou algo de novo!
O resto, vem sempre. Indiferente.
Vem como tempestade destruidora,
com estranha beleza diabólica.
Os olhos sentem. Saboreiam.
Mastigam de forma diferente.
O som, reflete o climax incontrolável,
e eu, eu o estranho da existência,
adoro estes redemoínhos incertos.
Mesmo que o ar me falte, fica a imagem.
Fica um prazer aflitívo de vivo,
que vivo, sem saber de consequências.
Um copo de vinho, um chá, um café.
Uma mulher, o melhor prazer do mundo.
Falta-me o permanente. A Realidade.
Saltar entre espaços e tempo,
só me faz imaginar o que sinto.
As rugas que crescem sem remédio,
as horas que se perdem por tédio.
Será este o meu quinto império?
Um prazer imenso, sempre
que me lembro de ti aqui perto?
Já não guerreio o imaginário,
nem a frustração perdida pelos anos.
Quero insane, a permanência humana,
nestes espaços infindos sem te ver.
Quero namorar a pele e o cheiro,
os fluídos que provo e entrego,
por cada centímetro que beijo.
Quero deixar de imaginar e,
sentir-te finalmente aqui,
nos meus braços,
o aperto das tuas pernas,
dentro de ti,
cheios de tudo e,
todo o tempo que resta.


13FEVEREIRO2014

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

POEIRA CÓSMICA





Numa outra plataforma, sonhei com a disposição do sistema solar. Não só agora, mas acrescento certeza à que já existia, de que sou um nano e infíma parte da existência. Era bom que todos parassem por umas dezenas de minutos e se informassem o que somos e como existimos. A criação dos planetas, o magma da criação destruidora, a alienaçao organizada de todo o caos e o resultado final. O resultado que conhecemos. Esta infíma parcela de tempo que me deixa e desafia a inteligência. Esta inteligência que nasce de qualquer lado. De qualquer coisa. Juntando tudo isso, faço um fastforward da evolução e, vejo em segundos, centenas de milhões de anos. É tão fácil falar do passado. Como eu, que falo em eco da sabedoria de outros, há toda uma civilização desordenada que não merece existir no final de contas. Evoluimos contra toda a lógica da existência, contra a lógica da criação. Evoluímos, conscientemente, rumo á destruição. Eu sei, aliás tenho a certeza, que nada é tão lógico como parece. O desafio pessoal é no fundo, tudo ser muito mais fácil de perceber, que a própria lógica. Há um espaço de evolução humana que contínua inexplicável a físicos, químicos, médicos e toda a ciência como a conhecemos. Será essa a explicação ainda não encontrada da evolução do cérebro humano em 10000 anos. Uma evolução que contraria toda a teoria Darwiniana de evolução das espécies que nos regula científicamente. O que se sabe, concreto e indiscutívelmente, é que a evolução humana, teria muitos milhões de anos ainda para esse súbito desenvolvimento cerebral. A inteligência é uma conquista inexplicável. Ou talvez não. Estamos aqui, num planeta maravilhoso, aos nossos olhos e sentidos. Não paramos de o destruir, sem entender e saber como substituí-lo. Simplesmente não pensamos. Ou será que todos os que pensam, são os impotentes para a óbvia resolução? Sonhei com o mundo. Com a existência. Um sonho que se repete milhares de vezes. Engraçado. Chego a conclusões numa outra zona interna e não consigo explicar como. Quando, nem porquê. Sonhem! Sonhem com a arquitectura da existência. Sereis com certeza, absoluta, surpreendidos por vós próprios. Realmente a importância material da existência, qualificada e comparada com a nossa insignificância no Universo cósmico, é uma perda preciosa de tempo. O pouco tempo de existência física, a que ainda temos neste mundo maravilhoso, tem (!!!!!) que ser aproveitado com a razão da nossa alma.
O amor pelos outros, por nós e pelo Planeta Terra!


11FEVEREIRO2014

domingo, 9 de fevereiro de 2014

FALTA-ME PACIÊNCIA !




Instruí a alma para a vida.
Esta estúpida vida.
Todos os movimentos que faço,
pulsam coordenados de mímica,
mecanizados, quase como impulsos.
Tudo é normalizado pelo caos e,
reduzido à minha poeira pessoal.
Já me falta o tempo, já não ligo!
Tempo, é a condicionante do sonho.
Confuso. Falta sim, falta-me o tempo.
Não há negatividade associada,
não há nada para além do acreditar.
Existem realidades prematuras,
realidades atrasadas e mórbidas que,
neste preciso momento não me interessam.
Apenas a inteligência me surpreende!
A memória tráz-me alienação passada.
Quero os bons momentos presentes,
mesmo sujeitos a esta névoa inexplicável,
tal se afigura o desfilar cronológico.
A vida é surpreendente! É rara!
A infância, tem a timidez de más memórias,
em pequenos rasgos envergonhados,
como sonhos, onde procurei o que não tive,
ou pesadelos, onde criei o meu mundo paralelo.
A particularidade que me faz sorrir,
é plural de mínimos até agora irrelevantes.
Já me falta a paciência no amor, na paixão.
Estou tão cansado! Só vale a pena sobreviver.
Os iluminados da vida, vão catalogar-me.
"Tu" o negativista. Já não ligo.
Cagatividade em alto grau.
Agora eu! Sim, agora eu!
A conclusão, é continuar a ser o que fui.
Resumindo, não quero ser o mínimo,
de um Eu que deixou de existir.
Sou o que tenho de ser, sou feliz com a vida!
Será que perder um amor maior,
será o princípio de um fim de estrada?
Não! Há tantos caminhos.
As opções são infinitas.
Tenho a alma instruída.
Outro amor maior será amanhã!
Não me apetece chorar, nem tão pouco rir.
Sorrio. Apenas sorrio da minha parvoíce.
Apetece-me pensar o que penso.
Sentir ao máximo o que sinto.
Só posso optar por este caminho!
Falta-me paciência!

09FEVEREIRO2014

sábado, 8 de fevereiro de 2014

MÃE




O meu afecto por ti,
é maior que a invenção do amor.
Sou teu filho,
por inteiro e sem limitações.
Apetece-me um livro.
Quero contar-te uma história,
até te sentir adormecer.
Quero o beijo e a festa,
o enroscar do corpo e da saudade.
Quero o entrelaçar dos dedos,
um caracol de cabelo cortado,
e o teu cheiro de mãe.
Quero o amor todo para mim,
ser o egoista do teu ventre.
Chamo a mim a surdez do útero.
O vácuo em fase de retrocesso.
Quero perder os anos que tenho,
e poder dar-te um passado novo.
O meu afecto por ti,
é muito mais que o amor.

08FEVEREIRO2014

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A VIDA CONTINUA




Se o meu cérebro parar,
o colapso vira espuma do mar.
Viro germe aquático sem esqueleto,
alimento a fúria da fome natural.
Quero a cinza espalhada,
sem margens que me circundem.
Não quero ver terra ao perto,
não quero ver gente próximo,
não quero ver absolutamente nada.
Aliás já não o farei, naturalmente impedido
pelo aconchego da urna que me aquece.
Verei tudo de forma diferente.
Verei pelo cheiro e pela alma.
Verei a vibração da honestidade.
Não é triste o final, não pode ser.
Porque parto, será viagem.
Será um rumo indiferenciado.
Haverá sempre um momento certo,
luxuriante, como o ofício do tempo.
As imagens e as memórias já existem.
Não há tristeza por partir.
Há muito que o espero.
Quero conhecer tudo, tudo,
tudo aquilo que não direi também.
Tudo faz parte de mim.
Com toda a indiferença termino,
para quem goste ou não,
apenas parto.
A vida continua.
A vida continua sempre!

05FEVEREIRO2014

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

PERCEBO





Percebo que amo.
Um beijo basta!

Percebo e fico por aqui.
Com a alma livre.

Percebo a fraqueza nas pessoas.
Têm todo o direito!

Germinam causas perdidas.
Aumentam distâncias.

Premeditadas são as conclusões.

Distância.
Amor.
Saudade...

Mistura-se tudo num prato.
É consumir devagar,
e degustar.

Que demore a digerir.

Percebo sim!
Percebo quase tudo...

04FEVEREIRO2014

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A MINHA TELA




Vou rabiscar uma linha incompleta.
Esboços estão mais que ultrapassados,
até porque nem sei desenhar patavina.
Mas a animação aumenta-me a líbido,
como se um orgasmo surgindo do nada,
fosse algo assim tão simples e adorável.
Começo pelos sonhos que ainda não tive.
O gozo, esse, está na certeza que os terei.
Um orgasmo é uma sensação divinal!
Os acanhados que o sejam, que sequem,
que se sintam aliviados pelos bons costumes,
porque sem um orgasmo louco,
nunca nas suas vidas tristes, serão alguém.
O desenho é um motivo imaginário.
O sonho é uma sebenta branca e virgem,
louca por ser invadida e penetrada por carvão.
O rabisco é uma dose farta de preliminares.
Adoro e sou doido por preliminares.
Um risco, outro risco, os dedos e a folha,
apagar, soprar, voltar a riscar, um mundo!
As linhas são um pouco de toda a carne,
todo o corpo em que desenho e cheiro.
Esse cheiro que me domina é arte.
Adoro arte por definir e, o toque dos dedos.
A tinta, húmida e escorregadia, excita-me.
Faz-me sentir o toque de uma forma superior,
faz-me soltar sons que não controlo. E gosto!
Sou viciado no toque que só a arte me dá!
Sou louco pela tela do corpo humano,
nos seios que me confundem até secar.
Seco os lábios sem saber porquê.
Perdem-se as mãos e os dedos pelo corpo,
pelo arrepio de alguma coisa que me torna doido.
Não vivo sem esta loucura luxúriante.
Todos os impossíveis deixam de esixtir neste momento.
Rabisco, desenho e pinto uma obra minha.
Só a minha tela acabada, entrega o meu cheiro.
Só o meu derrame torna a vida em embaraço.
Só os meus espasmos me renovam a vida.
Quero mais telas limpas, dedicadas e exclusivas.
Só sei pintar uma tela de cada vez.
Mas pintar é preciso.
Preciso pintar o que sinto.

03FEVEREIRO2014

sábado, 1 de fevereiro de 2014

UM DIA...




Serei adorado por um sorriso.
Basta-me um banco de jardim,
com todos os sopros do vento,
de passagem, por todos os outros,
assim como passem por mim.
Sereno eu, ao acordar dos lábios,
sentir eu, competências do desejo.
Passear esta, a alma viva de vazio,
enquanto penso, enquanto posso,
faça chuva, corra o vento ou esteja frio,
olhar tudo o que seja simples,
transformando o anão em colosso.
Ponderar o natural que em mim,
onde em passeio carrego as flores,
que adoçam o cheiro deste jardim.
A viagem é carreiro improvisado,
sem destino natural ou complexo.
Sorrio a cada sorriso que vejo,
abraço todos os abraços que sinto,
arrepiando-me a um qualquer beijo.
Sem procura de lógica ou nexo,
deixo de carregar qualquer fardo,
intoxicado no desafio deste labirinto.
Despem as aves de penas e voos,
na nudez dos ninhos que constroem,
tristes, todos os Outonos abandonados.
Só a morte os profana, violados,
estes jardins de relva e fontes,
onde todos os vivos adormecem,
imunes a todos os estranhos passos.
Adoremos por fim o sorriso,
por cada uma e boa lembrança,
adocemos os sonhos mais intimos,
reconhecendo as cantorias e odes,
oferecendo mimos a qualquer criança.
É fácil, sentir o desejo pela eternidade,
por mais nova ou velha, que seja a idade.
As rugas são bordados do tempo,
em rendas imaculadas  na pele da felicidade.
Serei adorado por um sorriso,
um dia...

01FEVEREIRO2014