Fim de tarde.
Barbican Centre.
Londres serena.
Um vidro enorme,
fronteira entre os meus olhos,
o meu corpo e o frio.
Frio que fere como mel
o acordar os sentidos.
Vapor em ritmo ascendente,
uma melodia transparente,
irresistível e atraente.
O tipico cheiro,
um olfato assustado.
Um café
Mãos quentes.
Alma renovada.
Poltrona,
onde descansa o corpo,
almas sedentas no anfiteatro,
um concerto...
uma orquestra,
transformação de luz
a que me ilumina.
"The Seasons" Haydn.
Felicidade,
servida em bandeja,
pequenas doses virtuosas.
A Beleza e o Divino
na Arte.
Presente no meu peito,
acelerada correria
o meu sangue.
Sinto-me apaixonado.
Sou feliz, hoje...
Agora!
Em Arte,
vivo como o lobo,
na procura e,
na espera...
sem conhecer a presa,
do dia seguinte.
Embalo a tristeza,
para que adormeça.
Que nunca mais acorde.
Encontro dureza
a que me define,
a certeza de ser tão frágil.
O popular e o sublime,
justapostos em sensações...
nos sons,
nos timbres,
tudo o que me invade a alma.
Motivado pela vida,
admiro o êxtase
o estar presente.
Todas as fanfarras, massivas,
me reduzem as fragilidades.
Transformam o grito clamoroso,
em murmúrios apaixonantes.
A minha pele seca,
com o enrugar do tempo,
descola, liberta arrepios,
sublimes frescos pintados,
o irreversível passar do tempo.
Resta-me a mente, solta e livre.
Resta-me o amor, por capricho.
Resta-me a vida, por curiosidade.
Restam-me as artes, por convicção.
14 Janeiro 2012
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