quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DEUS POR UM DIA



Hoje será!
Hoje será tempo exacto,
De ser Deus por um dia.

Vou ter o Poder.
Vou amar profundamente.
Vou castigar os pecados;
Sendo o Deus que sou,
Conheço a dor.
A dor que criei.

A miséria do mundo.
A inocência das crianças,
A dor da fome,
A dor do abuso,
A dor da indiferença.

Sendo Deus como sou,
Tenho o poder de punir!
Em consciência,
Sei quem são os culpados.

Uma simples redoma de vidro,
Enorme o espaço interior, mas
Tão pequena como o mundo.

Vou pegar nos governantes,
Vou mingua-los, reduzi-los.
Todos juntos e, são milhares.
Uma redoma!
Um deserto de areia e sentimentos,
Para que possam usufruir o nada.

Para que sintam a miséria.
É provar.
É saborear.
É sentir a dor,
E no final, pensar.

Quero que sintam frustração
Na pele e na alma.
Que sintam um filho morrendo,
Sem nada mais que, grãos de areia
Que o alimente.
Que ultrapassem todas as dores,
Sozinhos.

Não foi esta a dor que criei.
Criei a dor, para castigar culpados,
não para punir inocentes.

Os inocentes.
Aqueles que
Sofrem a dor constante.
Que não conhecerem mais nada,
Além da dor dos infelizes.
Os verdadeiros infelizes.

Deixo-os gritar e, gesticular
Num frenesim de desespero.
No interior da minha redoma.
A redoma de vidro que criei,
Enorme em espaço,
Mas pequena como o mundo.

Como será sentir?!
Como será sentir o lamento?
Como será desesperar pela sobrevivência?

O desespero humano,
Já não faz sentido.

Mais um sonho que tenho.
Um sonho punitivo, com
O direito de punir e,
A vontade de ser

Deus por um dia.


18 Janeiro 2012

2 comentários:

  1. Não foi esta, a dor que criei.
    Criei a dor, para castigar culpados,
    não a criei para punir inocentes.
    Tenho que para de ler você.

    ResponderEliminar