terça-feira, 24 de janeiro de 2012

BAIRRO ALTO



Um "Bom dia"...
Um acenar de cabeca.
Sorrisos...
Passos envergonhados.
O matreiro pensar.
A critica injusta,
exacerbada a realidade.
A familia do lado.
Paredes finas.
Um olhar atrevido,
no canto do olho.
A vizinha.
Chinela no pe,
madeira e basalto.
Os gritos da manha,
a crianca que nao acorda.
O marido que resmunga,
a comida para a jorna.
Os pregoes de rua,
o jornal,
 a fruta, e a "freguesa".
Asneiradas soltas,
gritos almiscarados,
e os velhos a janela.
A sabedoria,
em camisola d'alcas.
O observar dos erros.
Sorrisos culpados,
do "tambem fui assim".
A flauta de cana,
o amolador de rua,
em monoroda de limar.
"Tesouras, facas e faconas",
o bairrismo no seu melhor.
O sorriso deles,
o desdem delas.
Num sopro de ar findo,
repentino sossego.
O sentar no degrau frio,
o granito gasto dos seculos...
Os passos dados.
O som quase rude do silencio.
A pequenada na macaca,
os tronos de Santo Antonio,
escadeados de papel colorido,
as velas e os santos.
O pedido do "tostao",
a compra do fogo.
Manha que foi...
Um bairro vivo,
no adormecer da minha cidade.
Bairro Alto,
minha saudade.


24 Janeiro 2012.

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