sábado, 28 de janeiro de 2017

NÃO QUERO NADA




Todas as reacções têm um equilíbrio
Que me define a sustentabilidade.
Sou ou não sou viável,
À vista dos outros?
Pensar no pensamento dos outros
Em relação a nós, é ridículo.
Eu só quero saber o que é afecto,
Inteligência emocional,
E pouco mais que tudo isto.
Todos os pequenos eus e euforias
Desânimos, inseguranças e... nadas,
São olhos secos num mar de letras
Sem a continuidade do corpo.
São memórias em que me misturo
Sem saber princípio e fim,
É uma miscelândia de sensações
Que me condicionam os dias
Pois por mais que os pesadelos
Se transformem em sonhos,
As metamorfoses não param
Nem eu cresço, nem me mantenho
Nem me torno velho ou eterno.
É tudo um somatório de nadas,
Tão pessoais como inertes.


Hoje tenho o mar!
Basta olhar para o lado e está ali,
Um elemento eterno, mesmo à mão
Com a banalidade da frequência
Do hábito, ou regularidade acessíveis.
A espuma que vejo crescer
Na turbulência do final das ondas,
O desgaste e cansaço do mar,
Ao adormecer no leito da areia,
É um conjunto de pequenas eternidades
Onde o corpo efémero tem acesso
Com todos os sentidos que possui.
E isto é tão raro!!!!!!
É aqui que o equilíbrio se perde,
Por tanto equilíbrio evidente
Aqui ao alcance da minha mão.
Hoje é dia de serenidade.
Depois do amor, de todos os amores
E da minha singularidade humana,
Pequeno e, básico na leitura do Mundo,
Sou enorme na minha capacidade.
Dou tudo, não quero nada!
Sou um Homem Feliz!



28JANEIRO2017

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O SOL PERMANECE




Pelo interessa das terceiras partes,
Ultrapassam-se as primeiras,
Ultrapassam-se as segundas e,
Ficam as conquistas disfarçadas.
Desde que existam partes,
Nunca haverá uma união de facto.
Todas as partes são divisionistas
Com a capacidade da ironia
E prevalência do confortável.
Nunca haverá uma parte
Que a própria origem
Da ideia inicial seja plena e cumprida.
Há o Sol,
O calor envolvente,
Apesar de existir frio e gelo e chuva.
O Sol permanece,
O resto finge-se em pleno estado
De uma igualdade que não existe.
Nunca poderá existir. Nunca existiu.
O bluff, é a ideologia hipotética,
É a utopia do desejável.
O que me dói, é o irrealismo individual.
Toda a gente sabe o que é impossível
Toda agente sabe o que é utopia
Toda a gente sabe de ideologia.
O que me incomoda, é a continuação.
Não de um desejo mais justo,
Não de uma atitude mais humana,
Nada disso tem a ver com o resto.
Falta a atitude concreta,
Para além da exigência ficcional.
Falta a realidade,
Para além dos Tomos irrealistas.
Falta a prática,
Para além das ideologias ultrapassadas.
Falta olhar para o povo,
Para todos os Povos e sentir.
Sentir que o Mundo é diferente
Que não pode ser o que foi,
Mesmo não sendo o que poderia ser.
Nem o que poderia ter sido,
Nada disto faz sentido agora.
Ideologias são só isso.
Ideias, coisas ideais,
Coisas irreais, que se procuram.
Quero só uma coisa!
Quero mesmo só uma coisa!
Que a Humanidade, quando acabar
O que será rápido,
As crianças no mínimo,
Não tenham ideia do mal a que foram condenadas.
Basta nascer para estar condenado,
Bastava nascer para morrer, e o é!
Agora dói, o que não doía.
Vejo Aleppo, Palestina,
Quénia, Namíbia, Somália,
Nigéria, Angola...
Vejo tanto e sou pobre.
Vejo o que os ricos vêem.
Vejo um Mundo
Pouco Humano.
E é aí que fico doente,
Que me dói a Alma e,
Morro ainda vivo!



18JANEIRO2017


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

FUGIR À SOMBRA






Não consigo fugir à sombra!
Hoje fiz um jogo, apalermado
Quando saía do café.
Lembrei-me enquanto me perdi
No vapor que voava da chávena
E a perda encadeada da intensidade.
Foi esfriando, claro
Eu, consumi esta imagem
Com maior prazer, que o café em si.
E saí do espaço adjectivado
A um acto diário, recorrente
Que podia ser usado
Em qualquer outro lado.
Estava frio. Mesmo bastante frio
Para quem sai de um local aquecido
Tanto por dentro, como fora do corpo.
Estava sol, brilhante, maravilhoso
Como é a sensação de enfrentá-lo
De frente, de olhos fechados
E receber a energia quente
Que nos alimenta, tudo!
E veio a sombra,
Com um puxão discreto
Na bainha das calças
Só para dizer que estava ali.
"Está sol, estou aqui."
Tentei fingir que não
Que não existia, tentei frustra-la
Sem lhe ligar um segundo que fosse.
Tentei não mudar de direcção,
Para não me passar à frente,
Para não me contorcer o corpo,
Dobrar-me numa esquina,
Ser atropelado por um automóvel,
Tentei tudo para não a ver.
É impossível fugir à própria sombra,
Mas mesmo tentando, o gozo existe
A sensação impressiona
O desiquilibrio permanente,
O descontrolo gritante do corpo!
Sou um caos na minha sombra.
Deixo-me envolver
Sem perceber que me olham
Quando esses olhares me acusam
Em silêncio repulsivo
De uma certa loucura própria.
Mas não é! É admiração!
É a Física que me goza,
Que me faz gostar o que outros ignoram
E é esse Eu que quero ser.
Ser como a sombra
Irreverente, deformado à vista
Desarmada pelas atitudes,
À impossibilidade de ser controlado,
À surpresa seguinte, e às seguintes
Sempre que me concentre em algo diferente.
Ser diferente, não faz a diferença,
Apenas o é, e há que gozar as pequenas coisas
Que nos atraem, mesmo que estranhas.
Tudo porque bebi um café,
E lhe segui o esfumaçar,
E tropecei na minha sombra.
Hajam sol e vida,
Haja loucura suficiente!



17JANEIRO2017


domingo, 15 de janeiro de 2017

É ASSIM...






O vidro.
A janela fechada
Que me separa do outro lado.
Costumo ter receios
De espelhos.
De separações retorcidas
Que o reflexo atraiçoa.
Tocar um espelho,
É diferente.
Tocar um vidro,
É diferente!
É sentir entrar o corpo num.
É sentir rejeição do corpo noutro.
É tudo elemento.
Sopro, areia e fogo.
É a metamorfose.
É a criação científica do divino.
É essa prosa que me interessa.
É a desproporção do mal,
A Beleza da Alma,
A imaterialidade do amor.
É o pouco a pouco que nos separa,
Que faz da luz a estrada.
Já nem sei como o sinto,
Mas sinto!
Basta fechar os olhos,
Sair do mundo
E entrar na realidade!
É assim...



15JANEIRO2017

RODOPIAR




Sabes o que me apetece?
Rodopiar!
Rodopiar como louco,
Sentir um eixo invisível
Onde o meu corpo ganha velocidade.
Rodando.
Rodando,
Rodando tanto
Até sentir desequilibrio.
Até sentir desfalecer
Todo o corpo,
Pelas fronteiras da pele
Até à extremidades.
Os dedos, colam-se numa membrana
Que fará nadar como os peixes.
As mãos, interligam-se aos braços
Que me fará voar como os pássaros.
Os pés, criam raízes,
Nas extremidades dos dedos
Que me farão sentir como árvore.
E rodopio em mim,
De olhos fechados,
De Alma aberta como nunca
Porque sentir-me assim
É um passo mais perto da felicidade.
A utopia corporal é um luxo
É um poder que não se entende facilmente.
Por isso,
Enquanto escrevo isto,
Não escrevo nada.
Apenas falo com os dedos
Escrevo com os lábios
Enquanto o corpo goza.
Os sentidos são irreverentes
Porque não param de rodopiar.
E crio uma tempestade boa,
Um tornado de pequenas coisas
Que me fazem feliz.
O eixo sou eu.
Sem nexo, sem reflexo,
Sem o pouco que me faz Deus.
É divino o que sinto
Quando estou assim.
Fora de mim,
Em todo o Universo
Que começa e acaba aqui.
Aqui mesmo!
Dentro de mim!




15JANEIRO2017

sábado, 14 de janeiro de 2017

FOTOSINTESE





Sem dar por mim,
Dei-me conta de estar sozinho
Não eu, nem a minha imagem
Mas uma fotografia
Sem retoques nem margens.
Não sei onde, nem quando
Sei que me senti agarrado
A cinzas escorrendo das mãos
Num abrir e fechar de braços
Que deixavam um rasto de asas.
Asas de pó e cinza,
Ora cinzentas ora amarelas
Translúcidas como o purgatório.
Acho que era um pouco disso,
Até porque a imagem é irreal
Cheia de sonhos transformados
Filtrados de pesadelos idos.
Tudo se filtra afinal, até os sonhos
Porque é a partir deles
Destes meus sonhos,
Que vivo a minha realidade.
Sou criança, desde sempre
Desde que cresci. Não antes.
Sou o impulso da realidade
Com o sonho como raiz
Que rego com as lágrimas
Já secas agora, mas guardadas.
Em sonho, posso guardar as lágrimas
Numa redoma cheia de Sol
Onde o deserto não é árido.
É apenas seco, até chegar a madrugada
Até que as gotas de orvalho
Larguem as folhas satisfeitas
De uma seiva persistente
E caiam devagar, lentamente
Dividindo-se em proporções
Equivalentes às lágrimas secas.
E nasce a vida. Renasce a vida,
Onde parou antes, guardada
Com abanos de cabeça
No canto do quarto quase escuro
Sem encontrar a porta de fuga.
Não há choro nem gritos
Não há pânico nem ansiedade
Não há nada!
Há um agora, orvalhado
Resumido a raízes que brotam
De um peito hirto de amor
Que supera toda a violência.
Sou como uma árvore
Que cresce devagar
Sem dar nas vistas,
Rompendo e enrijando
Todos os membros.
O coração é o primeiro
Que enrijece e se cala
Porque aprende tudo
E finge tudo,
Golfando o brado da vida
Por todas as veias
Onde a minha seiva brota.
É a minha fotosintese
Brutal e animalesca
Que corre numa pista de veludo
À procura do Sol.
Já não me escondo
Já não tenho paredes à volta
Nem cantos de medo.
Sou a seiva pura
Que se me mistura
Para ser Eu.




14JANEIRO2017



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

ESTRELA




Diz-me porque brilhas
Tão perto, nesta distância
Quase inqualificável.
É o Ego do Universo
Que me faz sentir
O real, é o presente.
Sem memórias,
Nem a morte me trairia
Porque a saudação da vida,
É adorar o imaculado
A Fé.
É a história
De todas as vontades,
Que me habitam o subconsciente
Sem me darem razão suficiente
À procura dos meus porquês.
Quero a existência matura
Sem a maturidade da adaptação
Sem o resignar a todas as faltas.
Que posso eu fazer
Se o que me enche a emoção
É a falta de objectividade emocional?
Querer ser inteligente,
É uma tarefa impossível,
Pois pelo que leio, já existem
Tantos seres inteligentes
Que não sobra muito espaço.
E as memórias de Inverno?
A magia das Estações e Equinócios?
Do negro ao brilho
Do calor ao gelo,
Da solidão ao amor,
Os dois juntos?
Que fazer aos paradoxos?
Porquê alimentar as razões inadaptadas
Os sentimentos impossíveis
Que morrem numa gaveta vazia?
Para quê gastar papel e tinta,
Quando as folhas morrem queimadas?
Para quê ocupar o peito
De nostalgia que me alimenta a saudade?
Para quê amar o impossível
Se o possível está fora do meu alcance?
Pergunto-me porque brilhas
Porque é a pergunta que faço a todas as estrelas.
Pergunto porque brilhas
Porque a distância da luz é o toque da morte.
Já morri quando chegares,
Mas os que morreram antes
Deixaram que eu te encontrasse aqui.
Serão as palavras certas?
Peço desculpa se não forem.
Mas amo-te.
Enquanto o brilho me iluminar
E os outros que ainda vivam
Quando chegares.



11JANEIRO2017

ACORDAR






Acordar...
É acordar de um sonho,
Com tantos "talvez",
Sem exigência
De previsibilidade.
É  o doce do dia
Que me azeda a tristeza,
Porque a tristeza quer-se triste
E eu não sou assim.
Acordar é chegar a casa
De noite.
É abraçar-te e olhar
O ínfimo lugar da tua alma
Pelos teus olhos.
É um beijo pronto
Sem procurar os lábios;
Impulso.
É tão natural
Como acordar.
Não sei falar em lições
Empacotar aprendizagens
Nem alegorias de simplicidade.
É o que é e, apenas isso.
É. É-o.
Somos o preencher
De um espaço vazio,
Que já o deixou de ser há muito.
A sombra da diferença,
É a relatividade do tempo
A experiência da saudade,
O espaço entre o teu peito e o meu!
É o toque.
É a falta desse preconceito infeliz
Que a felicidade é difícil.
É!
É e não é!
Acordar é vida
Sem janelas abertas ou fechadas
Sem paredes ou fronteiras
Sem obstáculos invisíveis
Sem a prepotência da imposição.
Acordar é sentir-te
Seja a que hora for
Mesmo que a noite chegue.
Acordar é,
Esperar por ti,
Mesmo que sozinho
Mesmo que por uma eternidade.
Acordar é fechar os olhos
É ter-te na pele da saudade,
Penetrar-te com um sonho
E beijar-te quando preciso!
Acordar é amar-te
Todos os dias!



11JANEIRO2017



domingo, 1 de janeiro de 2017

QUANDO TE BEIJO







Nem o tempo sabe
Nem a chuva sente
Nem os rios correm
Nem o Sol brilha
Nem as aves voam
Nem os peixes nadam
Nem as crianças choram.
Não só o relógio pára
Quando te beijo.



01JANEIRO2017

QUE TE DIREI EU?





O que eu te diria
Com a chuva das flores?
O vento, seria fraco.
As portadas, presas
Fingiriam um esforço
Desnecessário.
No esgar da paixão,
Ver-te-ia passar
pelo canto do olho.
Para que não me visses.
Nem um pestanejar,
Nem um movimento
Que me denunciasse.
Direccionado é o amor,
Do peito à Eternidade.
Nem eu o travo;
Salta e voa,
E encontra quem procura.
Nada a fazer
No que toca ao amor.
És o brilho das estrelas
Que chegou atrasado
Por milhares de anos.
Mas vives,
Como eu vivo,
Como nós vivemos.
Pouco mais nos alimenta.
É esta fome por ti,
Que me torna sedento.
E bebo-te,
Os sentidos,
As sensações,
Em todas as equações possíveis.
Que te direi eu?
Que te amo?
Claro que sim!



01JANEIRO2017

PENSEM!





Ok
Agora, vou-me sentar aqui
À vossa frente
A ouvir estes temas que me preenchem
A música preenche.
Oiço tanto mais que ouvia antes
Oiço as letras, devaneios individuais
Mas juntas,
São como eu, dividido nas horas do dia.
Depois,
Passou um ano
De outros cinquenta e tal...
Começo a não querer contá-los.
Não tenho pânicos,
Não é nada disso!
É fugir à monotonia do desespero
Da preocupação e choramingar comuns
De outros que me acusam.
Acusar de quê?
De merdas superfluas
Mimos perdidos e ansiedades.
Falta de... atenção? amizade?
Que tenho eu a ver com isso,
Se já me organizo neste meu labirinto?
Tenham dó!
Pensem na vida real,
Nos chocolates,
No champagne,
No café,
No jornal,
No livro no meio de tantos por ler.
Pensem no mar,
No vento e no clima,
Do frio terrífico
Ao calor insuportável.
Pensem nas crianças famintas,
Nas guerras diabólicas.
pensem em coisas reais!
Porra! Porra! Porra!
Pensem!
Pensem que este ano acaba para muitos
Que começa para mais ainda,
E muda muitos mais!
Pensem que pensar é ser Humano!
Pensem...




01JANEIRO2017