Há um eco metálico, enquanto a caravana passa.
Voltam-se as atenções, a favor do espalhafato,
Os olhos dilatam com o prazer da novidade,
E as bandeiras flutuam. Doidas, indomáveis
Como todas as bandeiras que sentem orgulho.
Orgulho de ser. Orgulho de improvisar.
Novas viagens, com sabores e ecos diferentes.
O trânsito passa a ser infernal e caótico.
O ferro das rodas tem de ser moderado,
Alterado em compassos de som suaves.
E vens tu, numa boleia apanhada algures.
Só vejo os cabelos ao vento, que voam,
Que reavivam o sorriso só porque sim.
O eco mantém-se. Impávido e pouco sereno.
O som, mudou com as novas cores,
As bandeiras mudaram de sítio. São outras.
O padre salta para o adro, e clama a blasfémia.
São mansos os cordeiros de Deus. São mansos!
O que me safa, é o coreto. O ondular das árvores,
O ensaio da banda e o sapatear folclórico.
São estes os ecos que me movem ainda.
Que me movem os sentidos de forma magnética,
Porque os outros, os ecos do destino, fogem.
E eu fujo deles. E fugirei. E hei-de fugir!
Sou um sinónimo do eco indecifrável,
Como frequência inaudível ao ser humano.
Sou a mestria da indiferença, do faz de conta,
Dos ecos que não quero identificar.
Mas ficam. Ficam e guardo todos os ecos,
Como quem guarda todos os amores,
Todas as músicas numa memória infinita.
E fico possesso, ao som dos ecos grossos,
Dos graves e brutos, rudes e aberrantes.
Quero todos os ecos, desde que fluam
Como voam as bandeiras ao vento.
E eu fico aqui. Assim. E amo-te!
10MAIO2015
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