Desencantei no fundo da gaveta,
Uma folha de papel amarelada,
Onde a previsão do futuro foi escrito.
Alguém se inquietou com o tempo perdido,
Porque se ainda o leio, assim eu vivo.
Dizia na folha amarelada pelo tempo,
No meio de indecifráveis rugas amarrotadas,
Várias interpretações para o futuro premeditado,
Que bateram completamente erradas,
"Preparai-vos imundos descendentes..."
A incógnita ilumina o calendário,
Tanto que os descendentes já morreram.
Quem fica então herdeiro do futuro?
Vou arrumar a folha no sítio dela.
Esperar que daqui a cem anos,
A reencontrem e, se divirtam como eu.
Toda a previsibilidade é dúbia,
Como estranha é a vida que conquista o dia.
Segundo a segundo, hora a hora,
O tempo é o cidadão do Universo.
As folhas, amarelecem e morrem,
Como Outonos de vida por vencer.
Só o cheiro a papel velho,
Reage à cretinice da previsibilidade.
A realidade é deliberada pelo presente,
Pela ausência, pela presença, suspeita
De um final anunciado, algures... no Tempo!
Fica a minha fúria, desregrada de tristezas,
Com o abraço apertado da Vida!
22MAIO2015
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