Tenho dias como hoje,
Em que chego aqui, sem saber porquê,
De frente ao branco, a este branco,
À espera de qualquer coisa que apareça.
O problema, que o é, é o nunca esperar.
Não consigo estes compassos indecisos,
Sem ou com névoas que codifiquem frases.
Nem sempre é preciso pensar para escrever.
Escreve-se, como se toma o pequeno almoço,
Como quem se deita a ler um livro, cansado
Até que os olhos fechem sonolentos.
Tenho tantos defeitos, que nem os tento dizer,
O que me vai na cabeça, nestes dias assim,
Sem geometria de pensamento, sem nexo,
Deslumbramento, lógica, inatividade, são nada.
Não é a preguiça que me pára.
Nem penso em motivo que justifique,
O palavreado sem objectividade que sai.
É como cantar no duche, tocar a nudez,
E deixar sair uma voz rasca e desafinada,
Que estraga toda e qualquer originalidade.
Um dia vou deixar escapar indefenidamente,
Estes rasgos de estupidez escrita,
Apenas para preencher folhas solitárias,
E fazê-las perceber que sim, que têm uso,
Não são colocadas de lado, nem criticadas
Apenas por existirem antes do uso.
Tudo tem o seu tempo, a sua história,
E estes momentos de intimidação própria,
Que me levam ao estranho estado,
De um sorriso cretino de mim próprio.
Nada de louvável sai daqui. Só um porquê.
Será prelúdio, prefácio, o que quiserem,
Da egolatria indiferente da minha vida.
09FEVEREIRO2014
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