Quando percebi a razão do dia de hoje,
alterei completamente o significado da vida.
Olhei para mim, no espelho do quarto.
O quarto. Um dos meus Templos.
Eu, omnipresente de todas as minhas coisas,
não flutuo na passiva vaidade que me reflete.
Reflectir é uma história permanente.
Reflectir, reflexo, uma mistura estranha.
A tendência é criar confusão e certezas comigo.
A grande maioria das pessoas é tão diferente de mim,
ao ponto de confundir reflexão com depressão.
E eu. Eu, o meu próprio Ego e único proprietário,
confundo-me com a lógica que os outros não entendem.
Se saio à rua, esta minha rua que não gosto minimamente,
absorvo a monotonia sincronizada, os hábitos dss pessoas.
Há apenas vidas mecanizadas, cheia de sons surdos e,
movimentos animados por uma imaginação pouco fértil.
De resto, há um espelho que os reflete e,
por isso, vivem sempre virados do avesso.
Só eu sou diferente de todos os outros,
até de mim (do outro). Torno-me eremita do meu Ego.
Só o mar me entende, às vezes.
Só o Sol me aconselha, tantas vezes.
De resto, degusto toda a beleza da vida,
quase toda e, por inerência assimilada,
pairo no ar, no espaço e, no meu interior.
Hoje, afinal, é um dia feliz. Como todos os outros.
Os receios, morrem assim que abro a janela do quarto.
O primeiro brilho que me invade, cega-me e,
é um recarregar de baterias, uma reciclagem própria,
que me faz cantar, que me faz escrever e,
amar cada vez mais, este privilégio da vida.
Quando percebi a razão do dia de hoje,
reaprendi pela milionésima vez,
que a vida não acontece, vive-se!
08ABRIL2014