quarta-feira, 30 de abril de 2014

O VERÃO




Quero que saibas, chegou o Verão.
Talvez quase, ainda, mas vem.
Não são só as cores que ficam,
nem os ventos que partem,
ou a chuva que seca.
É tudo, tudo junto que me acalma.
Se o frio chegar, abraça-me
com a força e o poder da saudade.
Um dia ele chega
Vive um dia por dia,
como eu, que vivo
esta minha estranha poesia.
Os verdes são fortes,
as flores estão mais carentes,
brilhantes, vaidosas na cor
que foge, ao espectro das sombras.
Só as aves entendem o que digo.
O vento, como o bater de asas, sacia
este eterno calor que o Inverno escondia.
Só o teu calor,
é comparável ao do Sol.
Queima, e sabe bem essa dor.
Talvez quase, chegue o Verão.
É o calor,
Que trás amor e,
me afasta a calma.

30ABRIL2014

terça-feira, 29 de abril de 2014

SE TE ENCONTRAR UM DIA



Se te encontrar um dia,
espero que me reconheças
que te entregues ao odor
deste corpo perfumado.
Entrego-te os meus lábios,
estes, que te procuram.
Ficará em memória o amor.
Pode ser em silêncio.
Pode ser imaginário.
Podes apenas olhar,
dizer tudo num sorriso.
Podes querer falar, calar-te-ei
com um dedo, nos teus lábios.
Ouve os meus dedos,
que te tocam, a pele,
tudo o que é teu.
Deixa-os falar, sózinhos,
entrelaçados, sem nexo,
com uma cegueira faminta.
Famintos do corpo,
de uma conversa simples
de um qualquer lugar,
sózinhos num Mundo,
repleto de multidão.
Deixa ver-te, assim...
Deixa que feche os olhos,
ao arrepio dos teus dedos.
Alimenta esta pele em chama.
São longos os dedos,
como sonhos, felizes,
nesta curta eternidade.
Eterna é a distância, manipulada,
por uma derrota que não é nossa.
Alguém morreu.
Alguém nasceu.
Se te encontrar um dia,
a surpresa será um beijo,
a calma será um abraço.
O amor, será eterno!

29ABRIL2014

domingo, 27 de abril de 2014

DIZ-ME...




Só eu te sei dizer a realidade. 
Só tu me entendes.
Há um tom colorido no meio de tudo,
tudo aquilo a que não estou habituado. 
És tu. 
Não quem se tem calado, ou convencido que me domina.
Tu.
Sim, tu.
Tu, que esperas por mim, 

sem manias finas, sem a hipócrisia do adquirido.
Amo tanto quando me entrego! 

Amo tanto quem tenho de amar, 
pelo simples facto de tudo o que não tenho.
Apenas amo!
E amo-te, sim!
Diz-me que sim, 

e serei...

07MARÇO2014

CONTRACAPA




Posso até entender a falta de vontade. 
Nunca entenderei o querer e não poder.
Posso até entender a frieza da vida.
Nunca entenderei o querer viver e não poder.
Posso até entender a morte.
Nunca entenderei o pouco tempo que tenho.
Quero perceber as entrelinhas,

uma qualquer felicidade.
Nascer, viver e morrer.
Capa, folhas e contracapa.



27ABRIL2014

terça-feira, 22 de abril de 2014

REFÚGIO E SOFREGUIDÃO




Sobra-me o futuro.
Sentir ansiedade,
é razoávelmente justo.
Não pela vontade,
de um pouco mais,
Quero quase sempre,
um pouco mais,
quando quase sempre,
existe muito pouco.
Gosto de desafios!
Razoáveis torturas,
maturas e (des)agradáveis,
que me façam pensar.
Que me deixem reticente,
curioso de várias formas,
com tempo e o espaço
que me perseguem.
Sofreguidão...
Fome de ter qualquer
outra fome de saber.
Refúgio...
Esconder os medos,
viajar, por sonhos ilusões.
Todas as palavras que leio.
Não sei em que mundo.
Se neste meu mundo de carne,
se neste meu mundo, um outro,
de fugas paralelas e conscientes,
imaginários retocáveis no descernimento,
desejos de vida, sexo ou desencanto.
São os livros! São culpados.
Pequenos deuses inspirados,
doutrinas existenciais próprias,
loucuras individuais,
tão egoístas como eu.
Tenho vontade de mais.
Nem que seja só um pouco.
Só quero o momento seguinte.
Quero ouvir virar as páginas.
Sendo as palavras estradas,
viajo pelo mundo inteiro,
por paisagens, curiosas, fantásticas,
por desertos sádicos e dolorosos,
mas por todos os mundos pequenos,
criados por pequenos deuses.
Reflexão final e livre,
ficam as imagens inexistentes,
tão perigosas e hilariantes,
onde o refúgio sente sofreguidão.
Só quando paro, me apercebo
deste meu entusiasmo.
Só parando, sei que me esqueço
tantas vezes de mim próprio.
Só sonhando sei dar um valor,
que possa avaliar a realidade

22ABRIL2014

segunda-feira, 21 de abril de 2014

APENAS SINTO !



Esperei por ti
rasgando o tempo.
O reencontro,
colou as peças perdidas
num limbo de incertezas.
Refiz o imaginário
com traços certos,
tão certos que sonho a realidade.
Senti a alma,
enraizei terreno seco,
apenas com uma gota de nós.
Basta tão pouco.
Um poema que nasce,
em todos os outros poemas.
Tão nosso.
Há um vírus bom,
que alastra toda a calma.
Só a pele sente o tacto do silêncio.
Só o cheiro é oiro.
Só dentro de ti,
viajo pelo Universo.
Em ti,
cinzelo o diamante negro,
misterioso,
livre e irreverentemente belo.
Esperei por ti
no brilho reflectido
do reencontro.
E vivi,
e vivo por algo,
por nada,
e por tudo.
Tudo o que sei,
já não quero saber.
Apenas sinto!


21ABRIL2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

EU




Delicioso é o ponto
irreconhecível.

Mutilado em seda e veludo,
diamante bruto mas não escravo
e centro de toda a minha Alma.

Lapidar um círculo
é tarefa desconexa e sem sentido.

O ponto.

O ponto, centro de vida
Força arquitetada de um mosteiro.

A Alma.

Centro de existência,
peso leve,
concreto e humano,
que o corpo carrega.

No topo do Mundo,
um rio de humildade.

No centro do Mundo,
uma floresta de harmonia.

E há um ponto.

E há uma Alma.

E há um Deus.

Que sou eu!




10ABRIL2014


O VENTO




Só o vento tem destino.

Longo.

Desmesuradamente longo
e tão distante.

São efeitos lentos,
antípodas transformados e,
sopros incógnitos.

Um só silvo,
uma música no ar,
murmúrios e abusos,
que troam do mar.

O desejo.

O vento é desejo.

Soprar-te a pele,
resgatar o entusiasmo,
ser lascíva a euforia.

Só te quero assim,
como o vento...

Leve!


10ABRIL2014

terça-feira, 8 de abril de 2014

O SILÊNCIO



Uma pessoa habitua-se a tudo.
Habitua-se a que não a entendam,
a  não seguir hábitos de outros.
As emoções, são cada vez mais restritas,
sentir intensidade, começa por ser uma maçada.
Tenho idade suficiente para ser eu próprio,
tenho idade suficiente para ignorar o desprezo.
O silêncio, o silêncio apelidado de sábio,
tenho dúvida que o seja, depende!
Há uma dose imensa de cobardia no silêncio.
Não repudio os que não percebem,
os que não querem, os não se esforçam por entender.
Respeito opiniões, opostas, teimosas e vulgares.
Sempre pela dádiva da palavra.
Para quê o silêncio? Só meditando.
O silêncio é bom, individualmente, interior.
Calar a resposta não pode ser silêncio,
apenas o desprezo responde em o silêncio.
Habituo-me a tudo, evidentemente.
Aprendo, estranho, raciocíno e contínuo.
Tudo se transforma numa bola de neve,
quando o silêncio não trava a reticência.
Tudo o que cresce, de mínimo se torna enorme.
Tudo cresce a partir de um pequeno nada.
Posso até habituar-me ao silêncio,
eu próprio preciso de muito silêncio.
Mas nunca quando espero a resposta.


08ABRIL2014

HOJE, É AMAR




Quando percebi a razão do dia de hoje,
alterei completamente o significado da vida.
Olhei para mim, no espelho do quarto.
O quarto. Um dos meus Templos.
Eu, omnipresente de todas as minhas coisas,
não flutuo na passiva vaidade que me reflete.
Reflectir é uma história permanente.
Reflectir, reflexo, uma mistura estranha.
A tendência é criar confusão e certezas comigo.
A grande maioria das pessoas é tão diferente de mim,
ao ponto de confundir reflexão com depressão.
E eu. Eu, o meu próprio Ego e único proprietário,
confundo-me com a lógica que os outros não entendem.
Se saio à rua, esta minha rua que não gosto minimamente,
absorvo a monotonia sincronizada, os hábitos dss pessoas.
Há apenas vidas mecanizadas, cheia de sons surdos e,
movimentos animados por uma imaginação pouco fértil.
De resto, há um espelho que os reflete e,
por isso, vivem sempre virados do avesso.
Só eu sou diferente de todos os outros,
até de mim (do outro). Torno-me eremita do meu Ego.
Só o mar me entende, às vezes.
Só o Sol me aconselha, tantas vezes.
De resto, degusto toda a beleza da vida,
quase toda e, por inerência assimilada,
pairo no ar, no espaço e, no meu interior.
Hoje, afinal, é um dia feliz. Como todos os outros.
Os receios, morrem assim que abro a janela do quarto.
O primeiro brilho que me invade, cega-me e,
é um recarregar de baterias, uma reciclagem própria,
que me faz cantar, que me faz escrever e,
amar cada vez mais, este privilégio da vida.
Quando percebi a razão do dia de hoje,
reaprendi pela milionésima vez,
que a vida não acontece, vive-se!



08ABRIL2014

ATÉ QUE...




Deixa correr a seiva da madrugada.
Manter gotas de orvalho, pendentes,
Deixa crescer até que o peso as solte.
Deixa os cristais de gelo alucinar
A refracção de todas as cores.

Deixa correr os esquilos na alegria da manhã.
E os corvos, gralhando desafinadamente
por todas as presas que esventram.

Há um desafio entre o bem e o mal.
Eterno, só, interpretando o que sinto,
Salvo toda esta paliçada de um derrube.
Deixo sair toda a vontade de ser feliz.

Deixo que os olhos sintam o redor.
Deixo o cheiro verde,
A relva e o murmúrio das folhas,
Deixo que todos os sons sorriam.

Deixa correr a seiva da vida.
Mantem a fé nos dias que correm,
Não penses na rotatividade do mundo.
Deixa a cadência do tempo correr,
Deixa as rugas do corpo nascer.

Sei que morrerei jovem.
Sei a irreverência da mente.
Sei que sei muito pouco
Que não desisto!
Sei que serei sempre jovem!

Vida,
Não te abandonarei!
Serei sempre feliz,
Até que a morte nos separe.


08ABRIL2014


ENCONTRO



Foi tão perto o encontro.
Uma voz que reconheci,
sem reconhecer o corpo.
Foi um cheiro que passou por mim,
foi um som de passos lestos,
foi uma qualquer coisa,
que me fez olhar para ti.
Foi o crepitar das folhas nas árvores,
o piar dos pássaros entusiasmados,
ou até absolutamente nada.
Foi o toque de ombro,
um pedido de desculpa,
um nó na garganta,
e um olhar outra vez.
Um encontro casual,
um destino desmarcado,
um olhar dentro de ti.
Foi a saudade de mim próprio,
a conquista de mais um lugar, em mim,
uma viagem alucinante por segundos.
Foi a vontade de te tocar outra vez.
Foi a vontade de ouvir a tua voz.
Foi a vontade de não saber o que quero.
De repente tudo se altera num segundo.
O mundo gira ao contrário,
o relógio gira em sentido inverso,
procuro desesperadamente o passado.
Este passado recente. Aquele toque.
Olhar dentro dos teus olhos,
conhecer-te desde a eternidade.
Um som, ouvir-te dizer uma palavra,
e cheirar-te, vestida de céu estrelado
numa noite sem nuvens,
num descampado, no silêncio da noite.
Foi tão perto o encontro,
e acordando, te perdi.


08ABRIL2014



COMO SERIA EU?!




Como seria eu se não estivesse aqui?
Se não fosse o que sou?!
Como será a vida das árvores?
Das plantas, de todas as rochas?
Quero pensar como elo de ligação.
Tenho certeza na alegria da água,
na felicidade de todas as flores,
no êxtase absoluto das aves.
Voar.
Sim! Quero voar.
Ver como as rochas sorriem,
com  sorriem os rios.
Ver como as árvores crescem,
a preguiça de todas as madrugadas.
Ver as pétalas amarem o Sol,
que me aquece, que me faz pensar.
Como seria eu se não fosse Homem?
Talvez a alma de uma música,
uma tecla premida,
um som dos Deuses.
Serei eu Deus?
Por mim? Para mim?
Serei eu a fé?
Em mim? Por mim?
Como serão todas as coisas,
se eu puder inverter o Universo?
Será tudo igual, de forma diferente.
Não sei o que seria não ter existido.
Teria perdido o deslumbre da harmonia,
teria perdido o amor.
De todas as coisas.
De todas as pessoas.
E os sonhos.
Acima de tudo, teria perdido os sonhos.
A minha vida, o meu mundo próprio.
Só meu, egoista, mas só meu!
Só assim posso sentir a realidade,
sentir o que a rocha sente,
sentir a dor das árvores,
sentir o poder de todas as flores,
e amar...
Só sonhando amo de verdade.
Só sonhando o amor é necessário.
Como seria eu se não estivesse aqui?

08ABRIL2014

domingo, 6 de abril de 2014

PAISAGEM







A paisagem é hilariante. 
Basta o sonho, 
um fechar de olhos, 
uma planície imensa. 
Sem esforço,
a simplicidade de um sorriso. 
Fresco. 
Natural. 
Tão sentido que percorre a pele do corpo, 
alastrando arrepios 
como pequenos pigmentos 
de uma qualquer cor 
sinónima de felicidade. 
Há um mergulho prepositado 
nesta imaginária escuridão. 
Que não o é. 
Apenas ao fechar os olhos, 
acordado, 
toda a escuridão se transforma 
neste colorido fictício de tons diferentes. 
Se uma moldura houvesse, 
se o espaço fosse suficiente, 
seria uma peça de arte digna 
de qualquer parede de sala. 
Ou de quarto. 
Ou de um qualquer sítio 
desde que me pertença. 
Estou virado para o mar. 
Em corpo. 
Dentro da minha visão 
com uma ondulação fascinante. 
Não é água. 
Não é mar. 
São alfazemas, no seu auge. 
A beleza que, 
neste ondular suave, 
ritmado mas disforme, 
enche-me o olfato 
como se o teu corpo 
me abraçasse. 
E sinto o abraço. 
A alfazema. 
O teu corpo. 
O prazer de todos os cheiros.
Por agora, apenas 
me resta fechar os olhos. 
Navegar pelas marés
que me levem 
num qualquer abraço.


05ABRIL2014