quarta-feira, 25 de junho de 2014

O CORPO E A ALMA




Arrefeci no tempo.
Uma parcela de mim muda,
como mudam todas as outras,
como muda, enfim, o tempo.
Já acusei o pólen na Primavera,
O calor excessivo no Verão.
Idolatrei as cores do Outono,
acusei a chuva e o frio do Inverno.
Não são apenas Estações,
Ritmos e rituais da natureza.
Sou eu. Natural e imprevisível.
Sei que faço parte. Eu sei que sim!
Sei o que muda. O que mudo.
Sei o que me cala.
Sei o que me faz gritar.
Sei o sal das lágrimas,
Sei o brilho do sorriso.
A Harmonia é derivada,
consumida e projectada.
Seria tão fácil recriar a vida.
Um abrir e fechar portas,
e escorregar, e cair, e levantar.
Sou feito por parcelas homogénias,
por permissas e metades certas.
Deixem-me completar o vazio!
Calibrar o divino e o espaço.
Sei a dedicação e esforço intensos,
por um beijo, uma festa e um sorriso.
O meu relógio biológico não pára.
O meu cérebro corre e abusa do tempo.
O meu corpo cai, perde-se, mas vive.
Aquecê-lo, torna-me lento.
Só ocupando o pensamento,
consigo ultrapassar o aborrecimento.
E esqueço. Esqueço tudo!
Quase tudo o que me atrasa a alma.
Esta é a minha alma, a que perdura,
a que verá um corpo ultrapassável e inerte.
A felicidade é simples!
Complicado é encontrá-la.
Deixem partir os corpos em sossego,
as nuvens já estão carregadas de almas.
O céu arruma o resto do mundo,
circunscreve-o num círculo,
numa redoma quase eterna. Mas frágil!
O calor e o frio regulam a vida.
O tempo regula tudo,
do meu corpo á minha alma.


25JUNHO2014

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