terça-feira, 30 de agosto de 2016

AUTO-MUTILAÇÃO




Quando saio do meu lugar
Perco a noção de segurança e,
Tropeço na indiferença do Tempo .
O basalto solta-se 
Depois de passos arrastados 
Por um cansaço apetecível. 
A lareira abraça-me 
E beijam-me as páginas seguintes. 
Nada pára neste momento. 
A minha mente, foge...
É difícil acompanhar-me a mim mesmo, 
Quando não tenho capacidade para me ajudar. 
É tudo tão natural! 
Tudo menos a indecente indiferença do pecado 
Sem fé nem regras determinadas,
Sem objectivos afinados, 
Pelo simples facto
De todas as dúvidas. 
Tenho esta saudade permanente 
De todas as saudades que estão por chegar. 
Auto-mutilação não desesperada 
É o que é! 
É a falta de sono que me desespera 
Nestes episódios desgovernados 
Que só o meu outro Eu equilíbra. 
Gosto de sentir o que sinto! 


27NOVEMBRO2017



INGURJITAR





Se me inibir
Enquanto ingurjito
A tristeza dos outros,
Será indelicado
Sem vontade de o ser
Até porque
Eu não me inibo.
Mas ingurjitar,
Ingurjito!
Não uso prolixidade
Para captação
De coisa alguma.
Panegirista de boas acções,
Hábil benquerença
Onde a promiscuidade
Até possa abundar,
Deixa-me velho
No que toca a paciência.
Desentupam-me as artérias
Antes que mudem de rumo
E me envenene.
Sem deselegância
Vos admiro nas partes
Que a hégira me condena.
Admito.
Admito que sim,
Porque sim,
Sem mais nada,
Sou estranho!

30AGOSTO2016
@Carlos Lobato


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

ATÉ UM HOJE





Tenho-te até um hoje
Que sempre assim o será.
O passado é presente
Porque o presente é futuro.
O veludo das palavras,
São como paixão terrena
Tão enorme como o imaginar.
Saber o que sinto, é certeza
De uma diferença, ainda longe
De uma qualquer dúvida.
Duvido da dúvida pela primeira vez!
É estranho isso. É estranho!
É bom, porque é estranho.
Nunca deixei a dúvida antes,
Nunca qualifiquei ninguém
Nem a certeza por adquirida.
Posso até enganar o sistema,
Este meu sistema de dúvida correcta,
Sem maldade nem mau juízo.
Benquerença é acreditar,
No que acredito e me incomoda.
Incomoda-me chegar ao fim da estrada,
Aquela que sempre acreditei
Não ter um fim, por não acreditar.
Sempre amei com fervor,
Com verdade e impulso!
Nunca certo da certeza que tenho agora.
É estranho! É tão estranho!
Mas esta dúvida contrariada,
É um patamar alto e mais perto
Da felicidade utópica.
Tenho-te até um hoje,
Que o é hoje e assim será!



16AGOSTO2016

terça-feira, 9 de agosto de 2016

A LUZ




Estou ofuscado com a luz
Um reflexo que me assalta
Por tantas vertentes na vida.
Olhar o Sol, é um desejo
Que desafia uma certeza
Concreta de falhanço.
Um espelho, o reflexo
É a manipulação convicta
Da intensidade inquieta
Que me pode entusiasmar.
A refracção é o ideal.
Não deixa de me ofuscar,
Numa perspectiva abstrata
Que roça a beleza surreal.
É a frescura da ilusão,
O refractado estado da vida
Visto por cima e por baixo
Numa fronteira à tona d'água.
O ângulo é simples,
É o inverso do que vejo
E a distância que antecipo.
Mas a Luz existe, e fica.
A Luz, não se apaga.
Só o meu poder imaginário
Concorre com o poder real.
A Luz, é dividida...
Por ser, por mar, por ar,
Por tudo o que me apetecer.
Porque é assim!
Confirmo!



09AGOSTO2016

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SÓ TU SABES




Olha...
Senta-te aqui!
Olha para mim,
Sim, como só tu sabes.
Falemos assim,
Com todo este silêncio,
Que só os olhos gritam,
As mãos berram ,
E as almas entendem.
Senta-te!
Sente-me como um rio,
Frio ao entrar,
Morno na pele,
E uma luz que não se vê.
Sim...
É tão isto!
Só este murmúrio,
A água nos seixos,
Que rolam,
Sorridentes,
Como o nosso diálogo.
Silêncio
Este silêncio é mais
Muito mais que inteligente.
Não gosto de silêncios frouxos,
Fingidos com esperteza.
É a diferença!
Esperteza e inteligência.
Ser coitadinho e
Ser admirável !
Admiro-te!
Sinto a tua água correr
Como se a minha pele
Fosse sucalco de margens.
O calor é este.
Olhar e ver,
Mesmo que nada;
Mas ver,
Quase tudo!
Senta-te!
Anda cá, meu amor.
Sim!
Senta-te aqui!
Ao meu lado,
Sente-me assim;
Só tu sabes!


08AGOSTO2016

domingo, 7 de agosto de 2016

CAMINHO

Este corpo
É uma estrada
Onde te deves perder.
As bermas
São os braços
Que te seguram.
O piso
É tão intenso
Se o sentires nua.
Toca-me
Descalça,
É a minha pele.
Deita-te
Ao sabor do vento.
É o voo, e
O arrepio que se sente,
Quando a pele se junta.
Perde-te,
Com coragem e
Sem destino.
Encontra-me!
Sou o teu caminho.



07AGOSTO2016