Trago a luz do Sol na palma da mão.
Houve uma criança que me disse,
sentada ali, no chão da Cerca Moura.
"Basta-me estender o braço, abrir a mão
e consigo agarrar o Sol".
Fantástico!
A luz sela esta minha aliança.
Os adultos sufocam-me.
Criam feridas que mal cicatrizam.
E sento-me ali. Também.
Como em qualquer outro lado.
Como qualquer outra criança,
nas Portas do Sol, a olhar Lisboa.
As cores quentes aquecem-me.
Os telhados podres e velhos,
as portadas já caídas dos anos,
cores das fachadas centenárias.
Toda a velha cor dos séculos.
E o Tejo.
Mistério e magia.
Ali ao fundo, o meu Tejo.
A mistura perfeita da saudade.
O aroma do fado e da vaidade.
A luz reflectida em calor e calma,
a alma ainda viva dos bairros velhos.
O gozo do cheiro, a cidade arcaica.
A um passo alto, lá preguiça o Castelo.
As subidas polidas das calçadas,
e o 28, o amarelo da Carris.
Os cheiros. As tascas e asneiradas.
A nova boémia, o Chapitô,
e o Taborda, que não morreu
nem a (en)Costa do Castelo.
Apenas morro eu com saudade,
longe de mim, da minha Lisboa.
Renasce a juventude que admiro!
E que o Sol seja a luz da cidade,
e que as almas que a alimentam,
beijem a cultura dos séculos.
Não deixem morrer os séculos.
O cheiro do cais, varinas e pregões,
nunca morrem nem no amor que existe,
porque ser Lisboa, é ser Tejo!
E amo-te tanto, cheiro-te daqui,
meu rio Tejo!
01JANEIRO2014
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