terça-feira, 26 de abril de 2016

AGRADECER





Agradecer.
Um acto de coragem,
Como admitir o erro.
É a razão.
Ser prova de virtude,
Simplificada vida
Indulgente punição
Cravada a espinhos.
Seda é a arma,
Sede é a vontade.
Agradecer,
O bem e o mal,
O sorriso,
A derrota.
Feliz divinização
Dos condenados.
Verde e cheiros
De palhas velhas,
Palheiros secos
Que crescem...
Agradecer
Esta hipotonia
Este sangue fervente
Esta vida.
Agradecer
O presente!



26ABRIL2016

domingo, 24 de abril de 2016

COR





Tenho-te a cor,
Pintada,
Em cores,
Que as flores
Não usam.
Tenho-te cor,
Como poucas
As cores
Com que se pinta.
Quero-te isso.
Naturalidade
Tão original,
E vitalidade
Em pigmentos
Que invento
E te pinto.
Quero-te cor.
Quero-te ser,
Abstrato
Surreal,
Viva,
Com cor.
Como te sinto!
Como absinto!




24ABRIL2016

DIAMORFOSE




O momento imediato é pouco...
Estar num não-lugar, incapaz
De sentir a minha identidade.
Recuso partilhar a minha história,
Tenho apenas uma relação específica
De me auto-criar neste não-lugar.
Estou aqui, de micro passagem,
Um pouco de Marc Augé,
Um pouco de rapidez efémera.
Estar de passagem é intenso,
É a sensação vaga e, tão rápida
Desta hiper-velocidade existencial.
Hiper-modernismo sim!
Tudo evolui tão depressa,
Que não tenho tempo de nada.
O hiper-tudo em todos os não-lugares,
Estar vivo, num espaço de ninguém,
Com a coragem do próximo minuto.
Real, é só o próximo minuto!
Restrito à água que me forma,
De um pó de rocha, que se cala
Que nos engana, porque fala.
Sou um corpo específico,
Sem corpo certo, hoje, amanhã,
Num eterno ciclo não-existente.
Chega a experiência, chega!
Podem levar-me finalmente,
Aqui não aprendi nada,
Um quase tão pouco,
Que me enruga o cérebro.
Estou inerte, à procura de tudo
Neste não-lugar
Que (não)me consome.



24ABRIL2015

sábado, 23 de abril de 2016

SER BREVE




Apetece-me ser breve!
Hoje,
Há mãos atadas,
Uma coluna flagelada,
Um corpo violado pela alma.
Hoje,
Apetece-me ser breve!



22ABRIL2016



quarta-feira, 20 de abril de 2016

ESTE MEU FADO





Sinto este cheiro a ruas gastas,
Pequenas coisas e, passado.
Amar o que amei, não sei
Só sei o que os passeios sabem,
Os anos que ouviram caladas,
Tantas guitarras e tantos fados.
As palavras que pensei,
Nos séculos disfarçados,
Num peito entusiasmado,
Onde tudo é afinal tão simples.
Sei que os pregões me calaram,
Me adormeceram a vida,
Onde me encosto emocionado,
Nesses fados que ouvi cantar.
Vivo estes poemas assim,
Como que cantados na alma,
Chorar chorei, como foi dito
E calei em todos os passos,
Nas calçadas desenhadas,
As dores desta pequena vida.
Só sei ouvir esta loucura,
Quando o eco é do basalto,
Das carroças que ainda passam,
Ao que soam os meus passos,
Que me afinaram a vida,
Nas guitarras tresmalhadas,
Numa qualquer calçada,
Onde vivem as ruelas,
Que cantam o meu fado.
A saudade é forte e é triste,
Tal como a saudade deve ser.
É por ti que o fado chora,
E a varina canta agora,
Este poema por mim falado.
Canto-te a alma,
Choro-te a saudade,
Porque não haveria fado
Sem que a tua alma,
Fosse alarde,
E esse, a minha vida.



20ABRIL2016

domingo, 17 de abril de 2016

GRITAR-TE






Gritei,
Gritar gritei,
Que sim,
Que sim,
Que sim!
Perder o que perdi,
Achar-me,
Gritar,
Gritei que sim.
Saber,
Querer,
Encontrar.
Raro,
Tão raro!
E vi...
E vi que sim,
Que gritei,
Que senti,
Que achei!
É assim, tudo
Ou quase tudo
Uma vida de saltos
Insanidade ansiosa.
Que sim,
Que sim,
Que sim!
Que és,
Que sou,
Que fui,
Que quero...
Que tenho!
Chegaste,
Preciosa,
Rara.
Peso solto,
Leve eu fico.
Quero ter,
Quero ser.
Eu e Tu.
Que sim,
Que sim,
Que sim!
Grito,
Gritarei,
E fico!
E amo-te!



18ABRIL2016

domingo, 3 de abril de 2016

AJUDAR O MUNDO




De nada em nada,
De estrada em estrada,
Um juízo primário,
Um bafo de vento,
O som das ramagens
E as árvores que gemem.

Um sussurro surdo.
Talvez só eu oiça,
Um grito ingénuo,
Uma birra de miúdo.
Um placard alucinante
As cores que vendem
Os objectos abjectos,
A publicidade impotente.

Tanta gente!

Tanta miséria disfarçada,
Um paga que paga,
Mas que não paga nada.
Um tudo se resolve,
Uma criança por crescer,
E o nada que é nada,
Que continua a crescer...

Porque o nada cresce,
Sem fim, ou antever.

As necessidades.
Básicas e pecaminosas,
Arestas de florestas
Fogos impostos,
Alegorias de vida.

Um clamor intenso,
Um tesão imenso,
E eu apaixonado agora.
Quero tudo o que era nada,
Porque o nada era meu.

Proprietário de nadas,
Encantado pelo sustento,
E as crianças que gritam,
Tio,
Tio,
És o melhor tio do Mundo!!!!!!

E choro. Choro a felicidade
Que me foge pela saudade.
Meu Deus, o tanto que falo,
Que a loucura é o Mundo.

Apesar da minha idade,
Já nem canto porque calo,
Mas soa este eco,
De um som e amor profundos.

Amor e amar,
Um tema elementar!
Está vincado,
Gravado e certo,
Pela certeza concreta,
De que o amor;
É a salvação do Mundo!

Se for preciso
Ajudar,

Eu ajudo!



03ABRIL2016

VIDA PRIMÁRIA






Percebi finalmente,
(Isto desde há minutos)
Que as portas afinal,
Não são fronteiras!
Fecham,
Abrem e,
Não necessariamente
Precisam de
Fechaduras ou traves
Para se tornarem em,
Sei lá...
Portais,
Coisas místicas
Não identificadas?!
Sim.
Acredito nas cores!
Intensas,
Novas ou transformadas;
Ainda por abrir,
Por podar ou sentir.
Desculpo-me!
Tenho esta sensação,
De pedir desculpa,
A um Eu próprio,
Porque o tempo passa.
Salta de porta em porta,
De mundo em mundo,
De corpo em corpo,
De mim em outros Eus.
É assim que me deslumbro,
Por escasso, e me sinto
Tão hodierno que só eu sei.
Agora eu,
Nesta perua existencial
Tão sargente que me encolho;
Sou o beltrano identificado!
Percebi finalmente.
Percebi que sou feito de benfazeja
E porque amo a vida!!
Esta vida
Como ninguém a entende!



03ABRIL2016