quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

SOMBRA HELÉNICA





Quase petrifiquei
Contra o espelho.
Olhar-me...
Sim,
Olhar-me.
Há uma névoa
Que não é inerte.
Algo, de pouco nítido
Se move. Uma auréola
Em movimentos translúcidos.
Os sons, são silvos
Como os que já imaginei
Talvez em sonhos,
Em realidade ou pesadelos.
Seguem-me entrelaçadas
Estas sombras que emergem
De mim, para mim
Com um aumento gradual
De nitidez e realidade!
Sei o que vejo,
Não acreditando, sei!
Sei também,
Que me confundo.
Misturo fases
De locais paralelos,
Sensações e medos,
Desejos e segredos,
Ou um sonho estranho!
Tinha uma medusa enorme,
Na entrada do meu prédio.
Faz anos. Faz muitos anos.
Sempre me impressionei
De tal forma
Que a tocava sempre.
À entrada e à saída do prédio.
Havia um arrepio manso,
Que se criou hábito e necessidade.
Um pouco de dependência
Uma sensação imensa,
Miscelânea entre realidade
E um mundo Olímpico
De falsidades Divinas
Onde me toco e me encolho.
É a profundidade da ignorância,
Sentir o evanescente corpo
Arrepiar na inspiração eterna.
Era isto.
Era esta imagem trémula
Embaciada e desfocada
Que vi ao enfrentar o espelho.
Será manhã ainda,
Ou noite, ou morte.
Será o aziago olhar
De um dia cheio de paralelos
De corpos e almas perdidas
Juntas, somadas, coladas
Neste Eu que me consome.
Sou a sombra helénica
Da hégira do corpo.
E fujo...



01FEVEREIRO2017

Sem comentários:

Enviar um comentário