Vou-me encostando ao chão.
Sabe-me bem o frio da pedra!
Devagar, não me quero assustar
Com os gritos de frio, na pele.
Idealmente,
Seria um bloco de mármore, de
Ferrara ou Pero Pinheiro,
Não importa a zona.
Importa-me a Pedra,
A vida de todas as pedras.
A minha vida e a das rochas,
Uma geologia sensitiva,
De avaliação, a pele e a rocha.
São milhões de anos estes veios
Por polir, mas que já sinto.
Pode ser Granito,
A dureza da vida, que
Sinto no veludo da pele.
Cada vez mais, sinto raízes
Que me saem do corpo.
De dentro para fora.
De um ponto comum ao da pedra.
O ponto é tão interior,
Tão profundo que a sensação,
Ao gerar o meu círculo
É-me orgásmica, sem explicação.
O toque, só pode ser o toque,
Tal como o toque dos dedos,
O toque da pele, do corpo...
O Ponto é Invisível, real.
Talvez a evolução do Eu,
Sem nervos transmitidos
Pelas sinopses descontroladas
Que me sabem a tormento.
E são tantas, que cotadas uma por segundo,
Estaria distraído uns três milhões de anos.
Tenho o tempo condensado dentro de mim,
Que me frustra não poder desmultiplicá-lo.
Sou mais pedra, seixo de água
Em puro deleite ao toque da água.
Polido e metamorfoseado.
Sem arestas,
Nada em mim, impede a corrente.
A água, tem a força do Mundo,
Nada a pára, porque me contorna.
A água, é o choro das pedras,
Do Homem, das nuvens,
De tudo o que eu penso.
Porque sou água,
Porque ouço as pedra.
Porque sou pedra,
Porque sinto a água,
E os pássaros, e o verde...
E desaguo no Mar.
Sou uma escultura viva,
Esculpido sem método nem ordem,
Sem mestria de obra prima,
Por um anjo de mármore,
Que me transforma em vida.
21MAIO2017