quinta-feira, 28 de maio de 2015

FANTASIA E ESPERANÇA





Ao olhar de frente,
Este curto meio metro
De distância que me separa
De tantas obras primas,
Absorvo toda a fantasia e,
Cresce em mim, a esperança.
Neste caso, a Arte é pintura.
Agradeço o privilégio!
As centenas de obras primas,
A vontade de tocar cada tela,
Sentir na pele o traço,
A eficiência dos mestres.
É puro e, a fantasia é minha.
Ao ver o resultado final,
Fantasiando a esperança,
Fico de alma arrepiada,
Entre o desejo e a vida.
É bom ser racional.
É essencial sê-lo!
Só (quase) na arte,
Consigo admirar a inteligência.
Tenho medo do Homem.
Desconfio do Homem.
Cada vez mais me sinto só,
Nesta boa solidão com a arte.
E o quarto...
Este meu quarto pequeno.
Vivo dentro desta fantasia,
Como numa redoma,
Que me consome em vórtice
Como teoria transitória,
Que me faz passar um portal,
Com toda a excentricidade,
E me sinto parte do tema.
É esperança tola.
É a fantasia que me consome.
Preciso sair de mim!
Só isso!


28MAIO2015



sexta-feira, 22 de maio de 2015

"PREPARAI-VOS"





Desencantei no fundo da gaveta,
Uma folha de papel amarelada,
Onde a previsão do futuro foi escrito.
Alguém se inquietou com o tempo perdido,
Porque se ainda o leio, assim eu vivo.
Dizia na folha amarelada pelo tempo,
No meio de indecifráveis rugas amarrotadas,
Várias interpretações para o futuro premeditado,
Que bateram completamente erradas,
"Preparai-vos imundos descendentes..."
A incógnita ilumina o calendário,
Tanto que os descendentes já morreram.
Quem fica então herdeiro do futuro?
Vou arrumar a folha no sítio dela.
Esperar que daqui a cem anos,
A reencontrem e, se divirtam como eu.
Toda a previsibilidade é dúbia,
Como estranha é a vida que conquista o dia.
Segundo a segundo, hora a hora,
O tempo é o cidadão do Universo.
As folhas, amarelecem e morrem,
Como Outonos de vida por vencer.
Só o cheiro a papel velho,
Reage à cretinice da previsibilidade.
A realidade é deliberada pelo presente,
Pela ausência, pela presença, suspeita
De um final anunciado, algures... no Tempo!
Fica a minha fúria, desregrada de tristezas,
Com o abraço apertado da Vida!


22MAIO2015


quinta-feira, 21 de maio de 2015

SALTAR NO VAZIO




Hoje era dia para saltar no vazio de um precipício.
Sem asas, sem medo, sem intenção de morrer.
Acho que as sensações fortes, são precisas,
Tão amiúde como a proporção necessária,
Só reconhecível por falta de outras sensações.
É como fazer amor, um orgasmo grandioso,
Um voo intenso, um girar da alma de forma intensa,
A perda da lógica por momentos. Pleno prazer.
Queria que acontecesse, tal como um sonho,
Rápido, mas com uma sensação de tempo imenso.
Saltar no vazio é uma forma de rejuvenescimento.
Programado e definido para puro gozo do momento,
Não quero pensar em suicídio, pois o prazer,
Se o houver é limitado a uma ocasião.
Não quero isso. Quero o infinito alcançável
Por etapas criadas conscientemente por mim.
Quero sentir e partilhar o voo da alma.
O voo do corpo é restrito à sensação efémera,
Aos poros que arrepiam a pele, ao frio,
A todas essas coisas que o ser humano tem.
O objectivo é outro! É o interior.
O voo de um Eu diferente, que sente de leve,
Que vagueia e controla o voo por inteiro.
Começo por meditar e viajar por mim.
Todos os voos são diferentes, são necessários,
Imprescindíveis ao meu equilíbrio humano.
Gosto de ser o outro Eu. O que voa sozinho.
Só preciso de encontrar um bom local,
Um belo e estonteante precipicio para saltar!


21MAIO2015

sábado, 16 de maio de 2015

FINAL INICIADO



Finalizar o que nunca foi iniciado,
É este um desejo que não desejo,
E a prova é o sentimento perdido.
Nada se perde, tudo se transforma.
Eis a teoria da certeza dos incertos.
Não me queixo de nada. Nada o justifica.
Tenho esta "esclerose" única, de pensar.
E se é considerado saudável,
às vezes, tantas vezes, roça a doença.
Uma doença ainda não mental. Acho...
Mas o caminho está aberto, liberto,
Circunscrito e, a sensação é violenta.
Não me faltam certezas. Nunca faltaram,
Porque há muito que a idade é cáustica.
Tudo é violento, mesmo até a calma.
Quem pensa com hilaridade,
Tem a tendência do amuo secreto.
Dá nas vistas. Eu sou exemplo claro.
A questão de esconder o fluxo,
É algo que repelo e desdenho.
Só a formalidade do indigesto,
ME dá a conhecer o paladar do sim.
Fico hirsuto e suave ao mesmo tempo.
Só eu o lamento, porque não o faço.
Fico estranho comigo, porque sou isso.
Um corpo de carne e âmbito dúbio,
Que sustenta a verdadeira realidade da existência.
O corpo e a alma. O "inner" e o "outer".
Sei lá o que ides pensar. Pensai bem.
Pensar é o que nos distingue.
E já não sei se isso é bom!
Gosto, claro que gosto do poder da questão.
Manipulo-me sem reverência própria,
Mas admito que sou diferente dos outros.
Essa uma perspectiva que me agrada e justifica,
A tendência de não acabar este possível tormento.
Não o é! Isso é absolutismo individual.
Paradoxo da certeza. Metáfora de mim,
Num paralelismo que é irreverente,
Em crescendo imparável, até que o corpo aguente.
Vou desligar o neurónio que me multiplica,
Antes que as sinapses me violem a existência.
Quero morrer de calma. Quero viver da calma.
Quando finalizar o dilema, será o meu início!



16MAIO2015


sexta-feira, 15 de maio de 2015

QUERO PAZ





E os olhos?
E a visão?
Não vejo nada.
O que vejo,
É pouco, ou nada.
Quero ver tudo.
Quero ver a felicidade!
Nada de irresistível,
Apenas tudo.
Um pouco de calma,
Um pouco de amizade,
Um pouco de tudo!
Há o essencial!
Há isto, o que preciso.
Os olhos,
A visão,
Um pouco de "algo".
Quero tanto tudo.
Quero tanto,
O que de tanto,
For o tanto que preciso.
Quero paz!
Quero descansar!


15MAIO2015

RETICÊNCIAS




O resumo desta vida,
É a possibilidade de outra.
A diferença, é a atitude!
Quero poder e, com esse poder,
Antecipar a inocência.
Não a inata e inocente,
Que a tenra idade é fértil.
A inocência real,
Não premeditada, mas minha!
Quero ser Eu.
Desculpem. Quero ser Eu!
Quero as paredes cobertas,
De cores amáveis e descrítiveis.
 Quero amar o amor, como ele é!
Pessoas, actos e atitudes,
Amizades, indulgências e... Nada!
Quero resumir a felicidade,
Como obra prima natural,
Que acompanha de fundo um som,
Harmónico e definido pelos Deuses.
Quero mística e idealismo.
Quero coordenar a vida,
Como um projecto inadiável.
Quero arquitectar um pouco,
Na ínfima capacidade do Arquitecto!
Quero acordar impassível a sofrimentos,
Terremotos e vulcões inconformados.
Quero o Mundo como uma Alma,
Simples e utópica como a inocência.
Quero tanto de tudo!
Quero ser o mínimo da impulsividade,
Um quanto baste de atingível,
Uma forma projectada ao método.
Quero a vida Humana,
Como sendo vivida por humanos.
Quero tanto de tudo!
Só não quero reticências...


15MAIO2015

domingo, 10 de maio de 2015

TODOS OS ECOS





Há um eco metálico, enquanto a caravana passa.
Voltam-se as atenções, a favor do espalhafato,
Os olhos dilatam com o prazer da novidade,
E as bandeiras flutuam. Doidas, indomáveis
Como todas as bandeiras que sentem orgulho.
Orgulho de ser. Orgulho de improvisar.
Novas viagens, com sabores e ecos diferentes.
O trânsito passa a ser infernal e caótico.
O ferro das rodas tem de ser moderado,
Alterado em compassos de som suaves.
E vens tu, numa boleia apanhada algures.
Só vejo os cabelos ao vento, que voam,
Que reavivam o sorriso só porque sim.
O eco mantém-se. Impávido e pouco sereno.
O som, mudou com as novas cores,
As bandeiras mudaram de sítio. São outras.
O padre salta para o adro, e clama a blasfémia.
São mansos os cordeiros de Deus. São mansos!
O que me safa, é o coreto. O ondular das árvores,
O ensaio da banda e o sapatear folclórico.
São estes os ecos que me movem ainda.
Que me movem os sentidos de forma magnética,
Porque os outros, os ecos do destino, fogem.
E eu fujo deles. E fugirei. E hei-de fugir!
Sou um sinónimo do eco indecifrável,
Como frequência inaudível ao ser humano.
Sou a mestria da indiferença, do faz de conta,
Dos ecos que não quero identificar.
Mas ficam. Ficam e guardo todos os ecos,
Como quem guarda todos os amores,
Todas as músicas numa memória infinita.
E fico possesso, ao som dos ecos grossos,
Dos graves e brutos, rudes e aberrantes.
Quero todos os ecos, desde que fluam
Como voam as bandeiras ao vento.
E eu fico aqui. Assim. E amo-te!

10MAIO2015

sábado, 9 de maio de 2015

INEVITÁVEL




A entrega ao inevitável,
Derrota todas as opções.
Só questiono os porquês?!
A inevitabilidade de quê?
Nada é inevitável,
À parte os resultados.
Só o resultado é inevitável,
A forma é a diferença,
A permissa o motivo.
O resultado é subjectividade
Que começa na operação.
Já não faço contas a nada,
Só à sobrevivência da mente.
Da demência fujo,
Se for esse um resultado.
Há outros próximos,
Os que evito, mas não descolo.
São como arte.
São resultados de tudo,
Um começo no meio de nada,
Que transformo em prazer.
Provávelmente só meu.
Talvez só eu entenda o prazer
Intransmissível por abstrato.
A entrega é permanente,
Dedicada e meio obstinada.
Talvez um pouco surreal,
Talvez mesmo tudo.
A mistura do caos,
Um caos inevitável,
Como a previsibilidade.
Mas improviso. Sempre!
Quero caos diferentes,
Que contamino sozinho.
Talvez seja a doença
E a cura juntas.
O vírus e o antídoto,
O sagrado e o profano.
O que for seja,
Desde que seja inevitável!
Como eu...


09MAIO2015

quarta-feira, 6 de maio de 2015

AS PORTAS






As portas!
Não são apenas passagem.
Não obstruem qualquer dos lados,
Nem com ferrolho ou cadeado.
São símbolos. Reais ou desfocados.
São pontos reais e complementares,
A um qualquer movimento humano.
Ponto de partida ou Ponto de chegada.
Uma porta. Tudo para lá de obstáculo.
Nem as muralhas resistem à atitude.
Gosto de portas, porque as transformo.
Há um imaginário quase real,
Que cativa toda a simbologia.
As cores diferem, por minha imposição.
É inevitável a diferença, como os destinos.
Entrar ou sair, dependo do lado de lá...
A minha vida sobrevive,
Enquanto a curiosidade me invade.
É esse alimento que espero,
Sempre que me decido entrar, ou sair.
Não é difícil. Faz parte!
Futuro de hoje,
História de ontem...
São portas!


06MAIO2015

terça-feira, 5 de maio de 2015

QUEM ME AMA, POUCO IMPORTA!




Nada nem ninguém se transforma, sem ter certezas e objectivos. Alcançar a felicidade. Não sei se me entendo, às vezes. Não gosto de pressionar resultados, quando a fluidez da lógica é um processo que rola naturalmente. Há adaptações permanentes na vida. Se queremos chegar a algum lado, temos de adaptar as regras, as convicções, as teimosias... Quanto baste, mas de bom e comum senso, temos de o fazer. Custa, claro que custa. Custa muito até, tantas vezes. Descer do topo da árvore, arriscar quedas com quebras de galhos e alma. Mesmo uma queda no abismo. Lutar pelo amor. É aqui que a inteligência exige acção à impertinência e à irreverência. É aqui que o bom senso e a vontade de atingir objectivos é posta à prova. A capacidade de desprendimento. O estímulo e o objectivo. A capacidade de cortar cordões umbilicais de estimação. Sem ódios. Sem formas obcecadas de reacção contra a falta do estímulo inato. Fico triste, cada vez que toco o desperdício da felicidade.
Não foram muitas, mas algumas. Basta terem existido, para ser demais. Sentir-me só, não é estar sozinho. Antes pelo contrário. Sentir-me só, é o que mais fácil e simples pode acontecer quando acompanhado. Sempre foi. Será sempre. Hoje, neste momento, não estou só. Longe disso. É simples o poder de me encontrar comigo próprio. O complicado é conseguir chegar a este estado. Vejo os amigos! O amor da amizade é potente! Vejo a injustiça da vida e, penso. Penso tanto. Penso tanto que a conclusão é surpreendente, até para mim. O amor, é como a poesia. Romantismo, agressividade e utopia. Amo mesmo, isso sim, quem me ama.
Só isso!


05MAIO2015

domingo, 3 de maio de 2015

MAIS UM DIA !




Um dia especial.
Sem excentricidade,
Nem vulgaridade.
Um dia especial,
Apenas isso.

Pensar.
Pensar muito,
Mais que muito.

É bom o sorriso!
Sentir a face enrugar,
Os lábios dobrar,
Sorrir.
Apenas sorrir.

Por tudo.
Por tudo e por nada.
Apenas por isso.

O que me rodeia,
Quem me rodeia,
Faz-me amar a vida.
Detestá-la ao mesmo tempo.
Há Beleza e Injustiça na vida.
Da vida com a vida,
Da vida contra a vida.

E Eu, que vivo
Que amo a vida,
Acuso-a.
Injusta!

Será irrelevante.
Eu sei.
Será injusto.
Talvez.

Às vezes penso,
Que nem mesmo a vida,
Sabe de si própria.

Apesar de tudo,
Hoje, é um dia especial!

Hoje é hoje!
Hoje é o dia,
Que antecede o resto.
O primeiro.
O que reencarna,
O que morreu ontem.

Hoje é um dia especial.
Porque hoje,
É mais um dia,
De todos os outros dias,
Que vou viver por dia.

A vida é,
Isso!
Mais um dia!

03MAIO2015

sábado, 2 de maio de 2015

A LISTA




Vou fazer uma lista.
Sem abusar nem cair em injustiças,
Tenho de tomar fôlego,
Tenho de tomar decisões.
Lista de quê, perguntam.
Claro, de quê?!
Podia dizê-lo, se soubesse!
Sei que quero fazer uma lista.
As prioridades da vida.
Talvez. Talvez seja bom,
Opções. Prioridades na vida.
A vida é uma prioridade.
Lista longa, assim será,
A vida tem muitas prioridades.
A minha principal é o Amor.
Por quem amo em privado,
Pela família,
Pelos amigos.

Por quem eu amo,
Nem às folhas confesso.
Parecido, não é?
Na natureza tudo tem parecenças.
Positivas e/ou negativas.
É escolher. Somos inteligentes,
Não é sinónimo de facilidade!
É ter de tomar decisões.
É escolher o que é importante!
Eu amo muito quem me ama!
Dou uma grande fatia de mim,
Até me sentir obsoleto.
Quem gosta, quem ama,
Tem, apesar de tudo,
De amar, não só porque sim!

Quem me manda complicar?
Quem me manda pensar tanto?
No fundo, na prática,
Frio como o que me acostumei,
Basta uma lista.
Afinal, nada de complicado.
Uns sins, uns nãos e uns talvez.
A vida é isso afinal,
A que controlamos é opção,
É a vida, depois a Alma.
A vida do corpo,
Optamos mas não decidimos.

Ser inteligente, não é fácil!
Vou à lista.


02MAIO2015