quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

GOTA DE ÁGUA




Se me assaltarem a Alma,
sem razão aparente, 
serei deserto ondulado,
por ventos que já não sopram, 
seco, como pele gretada queimada, 
mas sempre, ponto de partida. 
Os oásis que salvam, 
são miragens onde posso viver sonhos,
acordado, ou por caminhos sem regresso. 
A aridez, é violenta e sádica, 
sem misericórdia às possível dúvidas
caminhos que não sei onde começam, 
que não sei onde acabam. 
Basta um pouco de vida. 
Basta o ínfimo numero possível, 
logo o milagre (re)acontece. 
A gota de água, 
todos os processos químicos 
imagináveis na viagem da gota de água.
A minha salvação.
Previamente desiludida,
 
esta capacidade  que prova,
a eficácia e o poder do ínfimo.
A simplicidade!

"Elevada" ao mínimo possível, 
o que nos salva...
Os elementos, são agrestes, 

alimentam-se do mal alheio e, 
à mais fraca reacção e resistência,
é determinante a preguiça de Deus.
Alucinante é a fraqueza metafísica,
misturada com a força do mistério.
Basta uma gota de água. 

E a vida (re)nasce!

31DEZEMBRO2014

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

SINTO MUITO...


Sabes o que sinto?
Já não sinto nada.
Sinto aquilo que sabes,
que sei tu não sentes.
Sentir o que senti,
foi sentir o máximo.
Tudo o que poderia sentir.
Mas já não sinto!
Fizeste perder o que senti.
Mas sinto,
Sinto uma coisa leve,
se pensar no que sentes.
Se voltar a sentir,
será sentir pouco,
do muito que senti.
Sentir o futuro,
será outro sentimento, 
o medo do que senti.
Sentir, claro que sinto.
Sinto pena do que senti,
Sinto pena de ti!
Sinto muito...

22DEZEMBRO2014

domingo, 21 de dezembro de 2014

RENITÊNCIA




Não me esqueço fácilmente.
Nem só a retina retém imagens,
Preferenciais, banais e, outras
Que arquivo na memória.
Fico louco, desde a histeria da vitória,
Ao paladar de amar o Mundo.
Preciso de ar, de
Respirar.
Preciso de água, de
Saciar a sede.
Preciso de alimento, de
Manter o corpo.
Falta-me ser deslumbre e,
Hipocondríaco do amor.
Não quero metades.
Não desisto.
Luto sempre até ao fim.
Prefiro o meu sorriso,
Quando me apercebo da falta,
Quando me perco por cegueira.
Não desisto!
Há um Eu permanente,
Há um desejo ardente e, sou
Renitente na Felicidade.
Quero harmonia!
Quero a vossa alegria!
A Felicidade no Mundo!
Se só eu sei,
Que não é pedir muito?!
Renascer é renitência.

21DEZEMBRO2014

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O VOO DOS PÁSSAROS





É nos jardins que caço.
Perseguir pássaros.
Um olhar, ligeiro,
O cheiro do poder.
Caçar um pássaro.
Caçar um voo fantástico.
Não é preciso matar.
Apenas caçar, olhando.
Troquei a realidade,
O pássaro e, eu.
Apenas os dois,
Isolados, o vácuo,
Um mundo, nosso, virtual.
Ficaram rastos,
Os encalços, os desvios.
Mudanças de rumo,
A liberdade do voo.
Gravei os rastos. Todos.
Fica uma linha néon,
Sem parasitas por perto,
Sem motivos de fundo.
O eu e o breu,
O espaço e os pássaros.
Desenhos, abstratos,
Loucos,
Voos loucos.
Esboços pintados a néon.
Descontinuei os rastos,
Alternei as cores,
E soprei.
Soprei como louco,
Até me faltar o fôlego.
É divino sentir.
O bater das asas.
O poder da liberdade.
O rumo próprio.
Preencher uma tela,
Virtual, com cores.
Néons virtuais, tão reais.
Acordar com um beijo.
O beijo do pássaro.
Acordei. Acho...
Serei eu livre,
Sempre e enquanto,
Puder sonhar assim.


18DEZEMBRO2014

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

DEPOIS DO AMOR




Senti os lençóis vazios,
frios, tão frios sem a tua pele.
Está calor,
uma cama vazia.
Há a falta.
O abraço que foi,
depois do amor,
a última piada,
o último riso.
O encaixe do abraço,
a mão no teu seio,
um "amo-te",
um último beijo,
um "até já".
O quarto estava quente.
e adormeci com frio!

16DEZEMBRO2014

domingo, 14 de dezembro de 2014

DAR TUDO



Ser natural.
Chegar ao ínfimo local
Ao mais íntimo dos íntimos
Lugares do meu corpo.
Ser o meu interior.
Ser especial.
Não me fica bem,
Não chega a nada.
Ser Homem.
A Humanidade doente
O amor está fragilizado
O Mundo precisa!
Ser vivo tem uma obrigação,
Depois das fases inconscientes,
Ser natural, ser especial e,
Ser Homem consciente,
Pelo Mundo que sobrevive,
Que precisa sobreviver,
com amor!
Amor a todas as coisas,
Amor a todas as pessoas,
Amor a tudo o que está vivo.
Eu,
Estou vivo! E amo!
Tudo!
Não quero nada!
Dou-vos tudo!
Tudo...


14DEZEMBRO2014

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O LADO MAIS LONGO




A soma  dos catetos,
a minha hipotenusa.
A matemática,
a linguagem da vida.
Estou em fogo,
entre o aquecimento
do Sol e do cérebro.
As imagens são deliciosas,
animalescas, vorazes,
sintetizadas e antagónicas.
Preciso de pólos diferentes,
que não se toquem mas,
sejam interligados por mim.
Nada se perde,
nada se cria, tudo...
Transformo-me aos poucos.
A distância mais longa,
o somatório da proximidade.
Afasto-me.
A alma fica, o corpo parte.
Os passos, as distâncias,
o que interpreto a partir de nada,
o ponto essencial.
Um dos pontos essenciais.
O poço, a influência do princípio,
a iniciação voluntária,
uma inflexibilidade crónica.
Tem toda a razão de ser,
não acontece por acaso.
Despoleta como uma granada,
explode sem mutilação visível,
mas mutila, desmembra e dói.
Perco as asas, não de anjo,
que em tempos tive.
Apesar de tudo, há a felicidade!
Tão intensa e real,
que perco todos os medos.
Não tenho medo de nada.
Apenas de uma ou duas coisas...
O caminho mais curto e,
perder a sensibilidade na arte.
Tudo o resto...
Triângulos rectângulos,
elevados às somas dos lados,
a minha hipotenusa.
O meu lado mais longo,
é a soma de carácter
de todos os meus lados.

10DEZEMBRO2014

sábado, 6 de dezembro de 2014

AMAR NINGUÉM !




Aprendi que as flores são tímidas.
Como os muros que me abraçam,
apesar da ilusão da sua inércia.
A vida existe em tudo. Aprendi isso.
Mesmo transformando a realidade,
com estes rasgos de poesia pobre,
sinto a matéria simples e incorporada.
O beijo do vidro, que separa
a ilusão da inexistência, o toque,
a fronteira invisível do meu mundo.
Do nosso mundo, de um planeta
individualizado no meu mundo,
em vários (meus) mundos, secundários,
paralelos, imaginários e eficientes.
Os sentidos práticos do corpo humano,
sensores de tanta diversidade, inatos,
sincronizados com a percepção da diferença,
pela vontade do desagrado e do deleite.
Quando sinto, já é passado. Já foi presente.
É impossível alterar qualquer resultado!
Com força de vontade. Com perseverança.
Com objectivos, sem orgulhos, apenas porque sim.
Quero sentir as coisas imóveis, inodoras ou irrelevantes,
improvisar o sentimento, de dentro para fora.
O corpo imaterial, condicionado a um envólucro,
é tudo o que sinto, sem sentir o tacto, a visão,
o cheiro. O que me altera o sistema nervoso,
é o algo estranho, o não sei o quê, a alma,
o pensamento, o tormento, a alegria,
a felicidade, o amor, tudo, tudo, tudo!
É assim que me admiro, amando a natureza.
O que parece simples, o que é fácil de tocar,
de cheirar, de tactear. E um beijo...
Dois pares de lábios que provocam
um vulcão de sensações internas,
estranhas, medonhas, fantásticas.
Tudo, tudo, tudo o que não vejo,
Mas sinto dentro de mim. E o amor...
A sensação mais maravilhosa
com toda a sua tortura.
A dor que não se sente, que doi.
Tanto, tanto, tanto!
As "elas" que foram e que são.
Que recuso, mesmo sendo.
Só posso amar o sangue, o sangue do meu sangue,
sem ser infectado por essa dor imunda,
penosamente maravilhosa. Só o sangue!
Não quero amar. Ninguém!
Chega-me o futuro.
Apaguem o ontem, levem o hoje.
Venha o amanha urgentemente!


06DEZEMBRO2014

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A VERDADE




Existe tanta verdade na vida!
Mesmo! Digo-o veementemente!
Tanto risco. Tanta vontade.
Quando saio de uma exposição de arte,
há um retrocesso na minha interpretação.
Interpretação da vida, perceba-se!
A arte é realmente um objectivo,
uma forma de justificar a existência,
elevando-a a um estado que devia ser.
Permanentemente o objectivo Arte!
A vida, elevada à Beleza interpretativa.
Kiefer. Alucinante forma de pensar.
Ou não tanto, identifico-me,
não como alucinado (acho?!),
mas interpreto a mesma dúvida,
no que vi, e aqui, nesta forma humilde.
Sem mestrado, reconhecimento,
merecimento, que se dane o porquê!
Mas tenho o poder da crítica.
Todos temos, mesmo com ignorância.
Há um resumo filtrado no final.
Ao ver Moroni e Kiefer,
no mesmo dia, os extremos tocam-se.
Renascimento e contemporâneo.
O bom e o excelente! Excel(ência)
de pensamentos egoístas de bons.
Qual deles o bom, qual deles o excelente...
E eu. É esta a minha a dádiva.
Fascinado, pensador,
crítico interno, ignorante e feliz.
Repensar a verdade na vida.
O auge, o topo da pirâmide,
o ascendente dos Deuses,
a Arte e a genialidade criativa.
Há dias de felicidade flutuante.
Há dias em que se toca as estrelas,
num fechar de olhos, ou num sorriso.
Hoje toquei as estrelas, de novo.
É esta a minha eficaz felicidade!
É esta a finalidade da vida!

01DEZEMBRO2014