sábado, 15 de março de 2014

O MEU MUNDO




Deixei a invasão de cores, absorver os desanimados.
A vergonha do reconhecimento, é um prisma,
exaustivo, refractor de ilusões, criador de imagens.
Imagens desfocadas e misturadas. Apenas imagens.
Só o espanto de quem nunca viu, me admira.
A perplexidade, o vazio de alguns olhos,
é a prova da mentira autoinfligida. A fuga.
O motivo, resulta em maior número de cores desfocadas.
Uma "overdose" controlada, retirada no momento certo.
O clímax. O deslumbre quase desesperante,
as memórias acumulas por uma felicidade,
felicidade que existe, mas longe da ideal e possível.

Tantas as coisas simples. Naturalidade gritante.
Tanto escapa afinal a tanta gente que se remete a pouco.
Lembro-me de tudo. Tudo o que me dá prazer.
Tudo o que afinal é só meu. Tudo o que a tantos, é afinal, nada.
Só o devaneio idiota da perplexidade me incomoda.
A reacção é estranha. Não assumida.
A vergonha, tem uma culpa disfarçada,
todo este teatro de vida me incomoda!
Incomoda-me a falta, nos outros. Dos outros.
Incomoda-me a sensação que sofro.
Sem dor no corpo, mas tristeza profunda na alma.

Passo o tempo a recuperar. Deste, daquele,
daquele outro ainda... não recupero. Momentos.
Pintar a vida, com pinceladas de positivismo,
não é perder o tempo que perdi inútilmente.
Apenas peca pela diferença a minha vida.
E a quem assuma o que me consome.
Eu, peco pela diferença. A minha.
Peco pela minha impotência dedicada.
Peco pela minha insignificância assumida.

O carimbo que recebo, esteriotipo falso,
é uma gota de água artífícial, plástica.
O selo branco, que define a minha legalidade,
o real, em vias de se tornar fora de prazo,
(in)justamente ultrapassado (por quem?).
Se sonhar fosse um ideal,
seria o maior idealista do mundo.
Ou o maior idiota. Talvez o maior idiota.

Sou construido pelos prazos que nunca findam.
Se ser surrealista é a mistura deste "cocktail",
fórmulas estranhas, pedaços que só eu entendo,
loucuras que nem eu sei... Então sou!
Surrealista ou mais que isso.

Vejo cores por todo o lado.
Incomoda-me. Não me incomoda.
É uma viagem de ácido adulterado.
Um só rumo. O ir. O desaparecer do corpo.
Não ter bilhete de retorno. Nem vontade de voltar.

Vi Lisboa pintada de rosa, tudo rosa. Até o céu.
Podia ser verde. Azul. Cinza...
Apenas eu pinto o retrocesso da realidade.
O vagar é extremo. Orgásmico. Indescritível.
As cores, são certas. Intensas. Minhas.
Cada pincelada, uma dose de loucura própria.
A realidade fica entregue à tal loucura.
A tal realidade que me custa enfrentar.
Permaneço. Sinto a serenidade, cansado.
A real utopia do meu Mundo!


15MARÇO2014

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