quarta-feira, 6 de março de 2013

COMBATER O TEMPO



Nao sei se devo ou nao arrumar o tempo.
Os meus arquivos estao cheios, mas leves.
A memoria funciona como a minha alma.
Sempre cheia de coisas que defino, sem pressa.
Vou arrumando, para que nao perca nada.
Existem depois estes momentos de arrumacao.
Tal como em casa, vou limpando, filtrando,
eliminando o po do tempo que nao presta.
Guardo tudo com um sorriso natural, sou eu...
Vejo e revejo as memorias que ficam, inevitaveis
sem que mexam ou alterem o presente, por vezes...
As memorias sao como o ramo de uma arvore,
a arvore que tem as raizes da vida, imparavel.
Por vezes doente, por vezes saudavel,
mas que nunca para de crescer. Mas o tempo...
Nada e tao inevitavel como o tempo.
O que tenho, tive e o que me resta...
Poderia talvez comprimi-lo um pouco, ate muito...
Viveria mais tempo para o poder gozar,
transformar erros em devaneios, mais duvidas...
Utilizar a duvida como derradeiro patamar,
o climax da minha sabedoria, um pensamento.
Nao sei se devo ou nao, entao...
Deixa-lo-ei passar naturalmente, porque passa,
apesar das minhas indecisoes existenciais.
Quem o valoriza sou eu, sou eu que me interrogo.
O tempo, passa indiferente a mim, a todos...
ate a ele proprio, por impossibilidade de retorno.
Ha uma cadencia existencial, na leitura dos factos,
na certeza e na duvida, no amor e no odio,
que apenas o tempo, tem o poder de julgar.
Mas continuo a arrumar o tempo, definitivamente.
O meu, a mim pertence, solitario e egoista.
Nao posso deixar de organizar e catalogar o meu tempo.
A todo o momento, preciso de recorrer sozinho,
a uma nova memoria, que me sustente a alma.
Nao ha como combater o tempo.
Resigno-me a ele.

06 MARCO 2013

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